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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Vou de Ônibus?




Foto: via stripesandcolor.blogspot.com

Não tem jeito, em Porto Velho tem um assunto mais falado que o BBB. Todos os sites falam disto, nas ruas, soltando papagaio, a garotada comenta, no bar da esquina, enquanto a saideira não chega, a galera reclama, na fila do banco, na lotérica, no self-service, na sexta-feira do Mercado Cultural, o papo geral é a tarifa do ônibus.
Sendo assim, não poderia eu deixar de dar também o meu pitaco...
É certo que o valor da tarifa do transporte público coletivo em Porto Velho é cara, ainda mais quando consideramos a qualidade do serviço prestado. Porém, faço uma análise diferente da que tem sido feita, em regra, na cidade. Não me preocupa prioritariamente eleger um culpado, penso que é preciso entender o processo que está por trás dessa discussão. Mais uma vez está acontecendo a boa e velha luta entre o poder econômico e sociedade organizada.
Isto é assim porque a maioria das pessoas queixa-se, privadamente, e até chega a reclamar com o colega do lado, mas, dificilmente, permite-se, efetivamente, dedicar-se ao debate, à discussão. Não me parece difícil antever o resultado dessa luta, afinal, de um lado as empresas com suas planilhas, números e todos os argumentos possíveis a fundamentar sua posição. Do outro, uma sociedade (des)organizada que, com significativos argumentos a seu favor e portador imensa e incontestável força, sequer conseguiu manifestar claramente sua insatisfação, que não teve atitude eficaz diante do rald, até agora, decisivo.
Isto, a meu ver, tem muitas razões e uma em especial. Refiro-me ao dilema que algumas das principais lideranças mobilizadoras de nossa sociedade ainda parecem viver, aquele que foi notado em alguns momentos durante os 08 (oito) anos do governo Lula. A cruel dúvida vivida por lideranças de partidos de esquerda: Sou movimento popular ou administração? A mim parece que deveriam seguir a orientação do ex-Presidente Lula que, mesmo na condição de mandatário da nação, sempre disse que era preciso que o movimento popular fizesse a pressão, porque isto ajudaria o governo, que sofre pressão também do outro lado, a adotar o melhor caminho.
Ou seja, não importa se o governo é do PT, DEM, PCdoB, PSDB, outro qualquer outro, é preciso que o movimento cumpra seu papel, faça a luta, mobilize o Povo, seja a voz das ruas.
Se isso não for feito, prevalecerá a vontade do sempre organizado e sedutor poder econômico. Prova disto é a manifesta defesa do ex-sindicalista, agora secretário da SEMTRAM, a favor do reajuste.
A decisão da Administração Municipal será resultado desta disputa e não da vontade particular de quem quer que seja, é preciso fazer o bom combate.
Há esperança no ar... Mas é preciso realmente mobilizar e fazer valer a vontade do Povo.
Se não for assim, de ônibus não vou!

3 comentários:

  1. Bem...eu acho que vc esta certo, somos realmente (des)organizados como vc diz. Mais quero também dizer algo aqui, na manifestação que foi "organizada" ano passado, lutamos, reclamamos, e num entanto não adiantou NADA, esse ano eu percebi que já não havia a mesma quantidade de gente do ano passado, o povo tá cansado, aqui o que prevalece é só quem pode pagar mais, e o povo?
    O povo tem sofrido cada vez mais na mão "deles", o transporte público não é a única coisa ruim dessa cidade, a saúde, a educação, a segurança, Porto Velho quer se comporta como uma cidade desenvolvida com SP mais na verdade não esta preparada pra isso e tudo aqui tá virando um "caus"

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  2. Não contesto sua razão. Mas a acomodação é a pior opção possível. Marx já dizia que um dos requisitos para a mobilização da classe operária é aquilo que ele chamou de condições objetivas, ou seja a existência que situações concretas, reais que fazem o povo precisar reagir, penso que esta é uma situação. Portanto, deveria servir do força pra ampliar a luta.
    Quanto os demais males de nossa PVH, creio q não são exclusividade nossa, sei que a cidade avançou muito ultimamente, porém ainda tem um longo caminho a percorrer e, sem dúvida, a efetiva organização popular tem papel fundamental nisto.

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  3. No lugar das leis de Marx, eu prefiro as do mercado. Se o transporte público daqui não fosse um monopólio, com certeza não estaríamos nesse estado de coisas. No entanto, há um monopólio que, entra prefeito, sai prefeito, continua mandando e desmandando no transporte urbano de Porto Velho. Por outro lado, os empresários do setor alegam que os gastos com a manutenção dos ônibus são muito altos. Olhando para as ruas de nossa capital, entendo esse posicionamento. Nosso prefeito, ex-líder sindical, parece não entender do que realmente nossa gente precisa... Gasta milhões em praças e propagandas... Sobre Marx, eu adoro: principalmente Grucho e Harpo...

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