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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Festa da Lavadeira não se curva ao poder da Odebrecht



Por Edilson Silva*, em 26/04/2011

A Festa da Lavadeira é manifestação de cultura popular que há 25 anos acontece sempre nos dias 1º de Maio. A Festa faz parte do calendário turístico de Pernambuco e é protegida por leis estaduais e municipal, que lhe conferiram a condição de patrimônio público cultural. Já escrevemos sobre o que representa esta manifestação popular para o povo pernambucano, nordestino e brasileiro, com seus mais de 80 mil visitantes em cada edição, de todo o Brasil e do exterior.

A Festa da Lavadeira acontece na praia do Paiva, onde um condomínio de luxo está sendo erguido pela empresa Odebrecht. Por isso, essa empresa quer expulsar a Festa da praia do Paiva. Para tanto, já fez de tudo, mas não conseguiu evitar que o povo corresse naturalmente para a Festa, assim como o rio corre para o mar.

Num último ato de desespero, o poder econômico desta grande empresa multinacional fez surgir uma Lei Municipal, vergonhosamente aprovada pela Câmara de Vereadores do município do Cabo de Santo Agostinho e mais vergonhosamente ainda sancionada pelo prefeito daquela cidade, Lula Cabral, no apagar das luzes do ano de 2010, mais precisamente no dia 20 de dezembro de 2010, às vésperas do Natal.

Nesta Lei institui-se um verdadeiro regime de apartheid social, somente imaginável nos mais distantes confins da nossa geografia. Privatiza-se uma praia inteira, em plena região metropolitana do Recife. Em pleno século XXI as pessoas estão proibidas de passear com seus animais de estimação na praia do Paiva. Os vendedores que ali quiserem trabalhar precisarão não só de registro na subprefeitura privada ali instalada, mas precisarão ter “irrepreensível compostura e polidez” no trato com o público (sabe-se lá o que isto significa!), ou seja, além do Código Civil brasileiro ali deve ser observado também um código de etiqueta social, caso contrário os “deseducados” terão seus registros cassados pelo poder privado investido ilegalmente de poder público.

Não acaba por aí. Qualquer “alteração” no interior da praia do Paiva, que é chamada na esdrúxula lei de Zona Especial de Turismo, Lazer e Moradia, poderá ser alvo de intervenção pela força de segurança privada que, a título de “colaboração” com o poder público, está instituída na praia do Paiva, segundo a referida lei. Para garantir que o povo se afaste mesmo do local, veículos particulares com mais de 9 metros de comprimento também estão proibidos, sendo barrados já na cancela do pedágio que protege os ricos dos pobres, ou seja, nada de excursão com farofeiros.

E se mesmo com tudo isto algum engraçadinho quiser tomar banho de mar, que não seja com bóia de câmara de pneu, pois a lei, em seu artigo 3º, Inciso I, veda expressamente esta “prática abusiva”, esteticamente condenável, mas muito comum entre os pobres que insistem em respirar e ter vida social.

Lá em seu artigo 19 a tal lei diz que é proibido fazer eventos festivos ou religiosos na área. Uma lei sob medida: É proibido fazer a Festa da Lavadeira. E foi este artigo que a Odebrecht utilizou para afirmar junto ao Ministério Público que a Festa da Lavadeira é ilegal. Um escárnio. O Ministério Público entendeu que a manifestação religiosa não poderia ser cerceada com a Lei Anti-Festa da Lavadeira. Não entendeu, no entanto, que sagrado e profano, neste caso, são inseparáveis.

Diante de tamanha agressão à Constituição Federal, que guarda vários direitos fundamentais agredidos com esta legislação municipal fajuta; diante do desrespeito às leis que revestiram a Festa da Lavadeira de patrimônio público cultural da nossa gente e, mais ainda, diante do brutal desrespeito ao povo do nosso Estado e do nordeste, a sociedade pernambucana está se levantando contra a truculência insana da Odebrecht e contra a covardia e a pequenez moral e política do poder público municipal do Cabo de Santo Agostinho, que se permitiu transformar-se em mero preposto do poder econômico, dando as costas para a sua população.

Entidades de direitos humanos, fóruns temáticos, centrais sindicais, sindicatos, conselhos profissionais, conselhos públicos, entidades culturais, partidos políticos como o PSOL, movimentos estudantis, juventudes, estão irmanados para construir no dia 1º de Maio de 2011, Dia do Trabalhador, um grande ato político-cultural na Festa da Lavadeira. Enganam-se aqueles que querem propagar o seu fim.

A Festa vai acontecer sim, com a fé redobrada, com a alegria renovada e com a tradição mais fortalecida, pois o povo vai à Festa também para dizer que o dinheiro compra muita coisa, mas não compra a força da cultura popular. Vai pra dizer que a Festa da Lavadeira não é mero entretenimento, mas espaço de resistência popular, de trincheira cultural, ponto de encontro da história, dos símbolos, da identidade de nossa gente.

Maracatus, cocos, afoxés, escolas de samba, orquestras de frevo e outras manifestações de nossa tradição não nasceram e nem se fizeram expressão popular montados em palcos. O palco do povo é o asfalto, a areia da praia, a terra molhada, a lama, o poeirão. Todos à Festa da Lavadeira! Ela é do povo!

*Presidente do PSOL/PE
Twitter: www.twitter.com/EdilsonPSOL
Blog: http://www.edilsonpsol.blogspot.com/

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Como se fosse a primeira vez...



                   Como se fosse a primeira vez...


Como se fosse a primeira vez,
Por todos os dias de meu existir
Em todas as noites do por vir

Dou a ti coração, todo meu mundo,
A ti pertence cada batida, cada segundo,
Pois nos teus lábios me encontrei,
Em teus olhos vi a vida que sonhei

Dar-te-ei toda alegria
Dia e noite, noite e dia,
Pro teu rosto iluminar,

Tua luz é minha guia,
Teu amor o meu radar,
Encontrei Paz e Prazer
Minha vida é, e sempre será, Você!

Anderson Machado                             

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Orgulho de ser Rondônia

Imagem via Google/Imagens

O assunto da semana foram as declarações jocosas e nem um pouco educadas, em um vídeo, de um integrante do programa CQC, a respeito do povo de Rondônia. Logo se formaram duas trincheiras: de um lado os revoltados com a opinião, ou talvez brincadeira sem graça, da pessoa em questão; noutro os defensores da liberdade de expressão, ou manifestação artística que, creio e espero eu, mesmo sem concordar com o mérito das afirmações, não viram nelas motivo para uma tão forte reação.

Antes de tudo, permitam-me dizer que tenho como caros alguns argumentos lançados por ambos os “lados”, da mesma forma que rejeito outros presentes também em cada extremo da pendenga.

É verdade, em Rondônia tem gente feia, como também é verdade que existem pessoas lindas. Em todo canto é assim. Somos o resultado da autêntica miscigenação, um retrato, uma boa e qualificada amostra do que é a população brasileira. Inclusive, listo esta característica como uma das boas coisas que temos por aqui.

Da mesma forma, também sempre me filiei ao pensamento de Voltaire resumido na máxima: "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante seu direito de dizê-las."

Desta forma acabei optando por não entrar diretamente nessa celeuma. Uma, por ver abusos e razões em ambos os “lados” e, outra, porque não vou ficar fazendo propaganda gratuita pra quem quer se promover falando impropérios.

Porém, vi nesse episódio algo que, positivamente, chamou-me atenção. A par dos exageros, vi manifestar-se algo que sempre desejei ver por estas bandas: refiro-me ao sentimento de pertença, à valorização de Rondônia como algo nosso, algo que, sem escamotear os problemas, é capaz de nos despertar orgulho. Um sentimento belo por esta terra que é mãe “natural” de alguns e adotiva de muitos.

Sempre me chateou o fato daqueles aqui vivente, nascidos ou não, que, apesar de retirarem deste chão seu pão de cada dia, não se reconhecerem como parte deste Estado, alimentarem o sentimento de passageiros, beneficiando-se com o movimento, sem responsabilidade qualquer com os rumos; e não condutores, não como quem é co-responsável pela melhoria da vida nestas terras.

É preciso que a gente reconheça os valores, se envolva nas discussões, se interesse pelos problemas e ajude a construir soluções. Rondônia é uma terra que tem muito, muito mesmo pra melhorar, temos uma tradição política muito ruim, enfrentamos o enorme preconceito e ignorância que difundem mitos descabidos e destorcem a realidade de nossa terra por outras regiões do país. Mas, os vinte e nove anos deste Estado – especialmente se comparados com a secular história de outros rincões deste nosso Brasil -, a acolhida que o povo de Rondônia dá aos que aqui chegam de todas as partes, as oportunidades de crescimento, desenvolvimento e fatura pra quem quer e busca trabalhar, isto sem nada dizer das belezas naturais, são sim motivos de orgulho.

Ficarei imensamente feliz se o imbróglio em que se tornou a manifestação do, pelo menos agora baste, famoso apresentador de TV, resultar, ainda que minimamente, no efetivo despertar, naqueles muitos que ainda relutavam em admitir, do orgulho de ser Rondônia.

De qualquer forma, obrigado meu Deus, afinal: “Nosso céu é sempre azul” e nossa Gente muito linda!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Doce Insensatez

Imagem via Google imagens

É proibido sonhar?
Pois amar, por vezes, deveria ser!

Principalmente quando o coração,
Por birra ou provocação,
Ferozmente resiste à razão;
Quando faz uma opção
Sem, sequer, considerar o não.

Por que a razão insiste
Em deter a paixão?
Não sabe que é o coração
Um moleque matreiro
Que a desafia o tempo inteiro?

Em árdua e ingrata missão,
Sei que ela em verdade tenta
Impedir que o insensato coração,
Por suas loucas travessuras,
Torne-se, mais uma vez, prisioneiro,
Seja sem piedade condenado
Simplesmente por ter ousado,
Como um tolo aventureiro,
Amar sem ser amado!

Mas...
Salve os insensatos corações
Dê-se vivas às suas loucas paixões!
Pobres de nós se só de razão vivêssemos!


Anderson Machado

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Realengo: Não há palavras...

Imagem via Google/Imagens

Onde vamos chegar?
Hoje amanheci atordoado, dores de cabeça, no corpo, garganta fechada. Não me sentia nada bem. Porém, ao observar brevemente o que passava na televisão, deparei-me com a mais recente tragédia brasileira, com um horror que se me fosse contado posteriormente, sem dúvida imaginaria que meus interlocutores, ao dizerem o que se passou no Rio de Janeiro, estariam enganados, afinal, barbaridades como aquela só tive notícia de acontecer nos EUA ou na Alemanha, sei lá! Bem longe daqui!
Mas não, a catástrofe que era narrada na tv, e que durante todo dia dominou todos os noticiários de todos os meios, aconteceu aqui, no nosso Brasil, abençoado por Deus e bonito por natureza, mais exatamente em Realengo (que até então só me remetia à canção de Gilberto Gil).
Minha cabeça fervilhou em pensamentos – Por quê? Como? É um pesadelo? Que mal terrível levaria alguém de 24 anos (acho) a entrar tranquilamente na escola em que estudou, cumprimentar alguns funcionários, professores, entrar em uma sala de aula e, pondo em prática um plano macabro, descarregar várias vezes uma pistola, atirando contra crianças, adolescentes, estudantes que estavam ali e não tinham a menor idéia dos conflitos e delírios que habitavam aquela mente doentia.
Foram pelo menos 11 destinos ceifados, além da vida do próprio louco que, talvez, por piedade de si mesmo, decidiu que não poderia morrer só, levaria uma multidão de anjos consigo.
Muito se especulou durante todo o dia sobre os supostos motivos. Vi em algum lugar que o monstro era portador do vírus HIV, e daí? Quantos milhões de pessoas também o são? Uns adquiriram por sua conta e risco ante seu modo de vida, mas tantos outros foram infectados em transfusões de sangue, partos ou em momento de puro amor verdadeiro. E nem por isto os vemos cometer tais atrocidades. Nada justifica aquela barbaridade!
Li, enojado, a carta em que descreveu como quer seu sepultamento e o que se faça com a casa em que morava. Aquelas palavras cheias de soberba e hipocrisia fizeram-me questionar o quão vil pode ser o tal bicho homem, fiquei imaginando quantos cometem as mais variadas barbaridades, violências, fraudes, etc. e buscam na suposta Fé justificar sua indignidade, fraqueza, orgulho e truculência.
Que Deus autorizaria aquele monstro a dizer-se seu seguidor, a escolher ser tocado apenas pelos “puros”? Que Deus aceitaria perdoar um verme que planeja e executa tantos inocentes e, antes, como uma espécie de salvo-conduto, pede perdão a Deus e diz que espera que Jesus em sua vinda o “desperte para vida eterna”?
Sou Cristão, e respeito todas as crenças e até mesmo quem não crê, mas aquilo que o monstro de Realengo espera que lhe passe a mão na cabeça não é Deus algum e sim o reflexo de sua própria indignidade, até pra admitir que tiraria sua vida e de muitos inocentes apenas por não ter coragem de enfrentar as dificuldades da vida.
A Fé não pode ser usada como escudo por aqueles que sequer como humanos podem ser reconhecidos.
Creio num mundo melhor, mais justo, mais livre. Creio acima de tudo que temos direito a escolhas, conscientes ou não, e, da mesma forma, creio que respondemos, cedo ou tarde, pelas escolhas que fazemos.
Aquele monstro fez suas escolhas e não soube viver nem morrer com elas, por ele não lamento. Entristece-me é saber que aquelas crianças e adolescentes brutalmente assassinados não tiveram escolhas.
Resta-nos talvez a lição, a todos, de que devemos estar atentos às nossas escolhas e também às daqueles que amamos.
No mais que Deus acolha aqueles “brasileirinhos”!