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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Crise: Consumo, Faxina e Vassoura



 Imagem via Google/Imagens


É, para os super, mega, ultra-especialistas do “mercado”, o “mundo” está em crise. Afinal os estados Unidos tiveram dificuldade de fechar um acordo POLÍTICO para ampliar as garantias de suas dívidas, na Europa a Grécia vai ganhando cada vez mais companhia na condição de “bombas relógio” da economia global. Que o digam Irlanda, Portugal, Itália e outros.
É, mas a China continua batendo recordes de crescimento, não se tem ouvido queixas da Rússia, da Índia ou da África do Sul, já no Brasil... Ah no Brasil a crise é “perigosíssima”, o “mercado” e seus (vou poupar aqui aqueles adjetivos do começo) “especialistas” são taxativos quanto à necessidade de medidas  impactantes para conter os “avassaladores efeitos da crise”...
Será que estamos falando do mesmo país? Não é o Brasil que tem batido recordes de “superávit primário”? Não é o Brasil que tem mantido sua balança comercial em níveis espetaculares? Não é no Brasil que a União tem alcançado crescimento “nunca antes visto” em sua arrecadação?
Mas o Brasil está em crise, né? Certo... Se os especialistas estão dizendo... quem sou eu, além de um reles cidadão, pra duvidar...
E o que é mesmo que os “especialistas” dizem que o governo precisa fazer pra escapar da malvada crise? Ah lembrei: Cortar gastos! Isto mesmo, o governo tem que parar com essa história de programas sociais, valorização do salário mínimo, tem que reduzir os salários dos servidores públicos (sim, nós mesmos, esses preguiçosos inimigos do mercado!), tem é que arrochar, elevar juros, afinal se não dá pra acreditar tanto mais assim em algumas economias européias e até nos EUA, é bom que o Brasil se prepare pra garantir o “ganha-pão” dos pobres coitados dos especuladores internacionais, afinal alguém tem que socorrê-los...
Mas... os “especialistas”, muito ocupados em aperfeiçoar o economiquês, permitem-me ter dúvidas?
Não foi neste país, na crise internacional anterior, que um certo “Presidente Fanfarrão” chamou de “marolinha” as intempéries da economia mundial e conseguiu impedir a tal tsunami, anunciada pelos mesmos “especialistas” que hoje pregam o apocalipse econômico, fazendo justamente o contrário do que querem que seja feito agora?
Não foi ampliando o crédito e baixando a taxa de juros, valorizando os salários em geral e reduzindo ou até zerando impostos sobre o consumo, para fortalecer o mercado consumidor interno que o “frágil” Brasil cruzou de braçada a tormenta?
Ah tá... Mas agora segundo os “especialistas” as coisas são diferentes, tem que manter os juros altos, frear o consumo, achatar os salários e... pagar juros!
Não seria o caso de incentivar o consumo interno pra reduzir a dependência internacional? Será que (perdão não sou “especialista”) garantir salários dignos aos trabalhadores (públicos e privados) não seria mais inteligente? Ou a idéia é esmagar os trabalhadores a ponto de obrigá-los a consumir só o mínimo necessário (quando possível)?
Não seria mais eficiente e responsável fazer justamente o contrário? (fruto desta “tática suicida” pregada pelos “especialistas” é o grande número de categorias entrando em greve. Como por exemplo: bancários, correios, profissionais da educação federal e outras tantas à beira da paralisação como MPU, Judiciário e outras).
Não seria melhor, já que a questão é ampliar as “reservas” (pra pagar juros...) combater a corrupção que, segundo vi recentemente em vários noticiários, consome “uma Bolívia por ano” em recursos públicos? Será que esse dinheiro não seria suficiente pra manter equilibradas as tais “contas públicas”? (isto sem falar nos benefícios que poderia render pra Educação, Saúde, Segurança...).
Ah lembrei! A Presidente anda fazendo “faxina” na corrupção, tem sido implacável: apareceu mal-feito, roda! (que o diga o Denit o Ministério do Turismo...) Mas será que a faxina é pra valer ou “só por onde a procissão passou”?
Espero estar errado, afinal torço pela presidente, mas tenho a impressão que, se seguir os conselhos dos tais “especialistas” do apocalipse, a faxina não vai passar de uma espanada. Infelizmente!
Um exemplo claro de mais uma “bola fora” dos tais “especialistas”, aos quais a Presidenta tem dado muito ouvido, é a questão do tratamento dispensado aos servidores públicos, que são trabalhadores e, como tais, uma vez bem remunerados contribuem muito para manter aquecida a economia e, além disto, no caso do MPU, que eu diria é a vassoura para a inadiável limpeza, o erro é ainda mais crasso!
Se vou fazer uma faxina, preciso que minha vassoura esteja firme, eficiente, que mantenha os pêlos, afinal são eles que vão buscar a sujeira onde quer que ela esteja. Se o MPU é a vassoura, seus pelos são os servidores, aqueles que fazem o trabalho acontecer. O MPU está perdendo em média 35% de seus servidores porque a carreira está extremamente desvalorizada, especialmente quando comparada com outras similares. Uma vassoura que perde seus pelos assim, consegue dar conta de uma faxina? E se a faxineira não corrige o problema da vassoura, será que quer mesmo fazer a faxina?
Não sou especialista, mas penso que o “Presidente Fanfarrão” sabe mais que muitos “conselheiros” atuais e que, se a presidente não cuidar da vassoura... a sujeira vai tomar conta cada vez mais do Brasil.

Anderson Machado