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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O que há meu coração?


O que há meu coração?

Preciso entender...
 O que se passa no meu coração?
Há por vezes certa angústia,
N’outras um “quê” de solidão.

Há no peito um vazio
Ou seria ilusão?
Um “sei lá” desconhecido,
Chega a ser sofreguidão...

Busco resposta pronta:
O porquê, a solução.
Como se não fosse mistério
O sofrer do coração...

Preciso aprender de verdade,
Desvendar meus sentimentos,
Aquietar minha emoção.
Já não tenho pouca idade,
Já me assusta a solidão...


Anderson Machado

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Alienação


Alienação


Quem nunca ouviu ou até usou a “celebre” frase “Política e Religião não se discute”?

Afinal, esse “bendito” conjunto de palavras é repetido sistematicamente quando alguém quer justificar sua própria alienação ou a de outrem. Aliás, antes de continuar falando sobre alienação, é interessante explicar ao quê me refiro quando uso essa palavra que, como tantas na língua portuguesa, tem inúmeros sentidos. Segundo o site www.significados.com.br, na psicologia o termo ALIENAÇÃO designa os estados de despersonalização em que o sentimento e a consciência da realidade se encontram fortemente diminuídos.

Da minha observação, destaco duas hipóteses desse processo: na primeira a pessoa é levada à alienação por algo ou alguém (nesse caso a alienação vem geralmente acompanhada da manipulação). É o que ocorreu, por exemplo, durante a ditadura militar no Brasil quando, utilizando a educação como instrumento pseudo-ideológico, o regime buscou afastar as pessoas do debate político real, incutindo em suas mentes que a luta por direitos, por exemplo, era algo condenável, coisa de quem não queria trabalhar; que as autoridades constituídas deviam ser idolatradas e jamais questionadas; etc. Esta prática criou uma geração repleta de pessoas que tementes da participação na vida do país, acostumadas a receber como verdade absoluta tudo que vem das autoridades. Outro exemplo, super contemporâneo é a atuação da rede Globo e do grupo Abril (revista Veja) nas últimas eleições quando buscaram, afastar as pessoas da realidade e conduzi-las para uma falsa realidade na qual, em vez de cada pessoas pensar livremente, deveriam aceitar como verdade absoluta o que era por eles dito (inclusive a justiça eleitoral condenou a veja por essa prática).

Na segunda, é por iniciativa própria que a alienação se dá. É uma decisão consciente de diminuir sua percepção da realidade, abrir mão da própria personalidade para, quem sabe, tentar fugir às responsabilidades de quem percebe o que está acontecendo e desiste de opor-se, talvez. É uma postura que me assusta, que curiosamente é adotada, geralmente, por pessoas supostamente mais esclarecidas, pessoas com formação acadêmica, com vivência social e cultural. Pessoas que, certamente, tem muito a contribuir para a melhoria da realidade, simplesmente escondem-se por de trás de jargões vazios, como o velho “aqui não é lugar de discutir política”, como se fosse possível separar a vida em família, entre amigos, na igreja, nos clubes, escolas e faculdades, da realidade política. É claro que nem todos os espaços devem ser usados para discussão partidária, mas a política está presente sempre, em tudo. Chama a atenção na postura de quem busca alienar-se uma boa dose de irresponsabilidade, egoísmo, pois se recusa a debater a realidade, fecha-se em seu próprio mundo, sem considerar que suas escolhas, quaisquer que sejam, influenciarão na vida de todas as pessoas. Não debater, trocar idéias, especialmente com as pessoas que amamos é um erro gravíssimo, não que obrigatoriamente deva-se chegar às mesmas conclusões sempre, mas a troca de idéia possibilita o amadurecimento e até uma melhor compreensão da realidade. Todas as pessoas precisam conversar, trocar idéias, especialmente sobre política, especialmente parentes a amigos, afinal, se há amor e respeito mutuo o campo para debate é bem menos espinhoso.

Bem, de qualquer forma, parece-me que a alienação, em ambos os casos, é algo ruim, especialmente quando se trata de um momento em que se é convocado a decidir: As chances de se fazer uma escolha coerente são menores na medida em que diminui a percepção da realidade. É preciso que sejamos protegidos das tentativas de nos alienar e que não nos permitamos cair na tentação da auto-alienação.

Um bom papo faz sempre muito bem, não tenhamos preconceito de conversar, não tenhamos medo de conhecer a realidade e, principalmente, não permitamos jamais que nos seja roubado o direito de pensar e decidir.

Outubro de 2014.
Anderson Machado