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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dica de Leitura: “Nunca desista de seus Sonhos”



Cury, Augusto Jorge, 1958 –
Nunca Desista de Seus Sonhos /Augusto Cury – Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

A juventude mundial está perdendo a capacidade de sonhar. Os jovens têm muitos desejos, mas poucos sonhos. Desejos não resistem às dificuldades de vida, sonhos são projetos de vida, sobrevivem ao caos.
A culpa, porém, não é dos jovens. Os adultos criaram uma estufa intelectual que lhes destruiu a capacidade de sonhar. Eles estão adoecendo coletivamente: são agressivos, mas introvertidos; querem muito, mas se satisfazem pouco.
A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reais, e a ausência dos sonhos transforma milionários em mendigos. A presença de sonhos faz de idosos, jovens, e a ausência de sonhos faz de jovens, idosos.
Este livro foi escrito para todos os que precisam sonhar (crianças, jovens, pais, profissionais) e não apenas para psicólogos e educadores. Ele fala sobre a ciência dos sonhos, a mente dos sonhadores, a personalidade dos que nunca desistiram dos seus sonhos.
Acima de tudo, este livro ensina a pensar. Provavelmente, ao lê-lo, você vai repensar sua vida.
Uma mente saudável deveria ser uma usina de sonhos. Pois os sonhos oxigenam a inteligência e irrigam a vida de prazer e sentido.
Augusto Cury

Minhas Impressões: É um livro que nos prende. É certo que não é um romance e não me parece que tenha pretendido sê-lo. Mas as experiências das personagens reais utilizadas pra demonstrar a enorme diferença que faz ter sonhos, bem como assumir um papel ativo no próprio destino e não se deixar governar pelos nos próprios medos, fixam-nos na leitura de forma prazerosa e estimulante. O livro a mim diz que ser sonhador, distante daquela imagem de alguém que vive longe da realidade, é, na verdade, quem não desiste de seus objetivos e reúne sua força a todos momento pra alcançá-los.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Quero Viver esta Paixão

 

Foto via Google Imagens/Clalima.blogspot.com

           Quero viver esta paixão!


Chega de saudade, angustia e solidão,
Quero viver esta paixão!
Entregar meu coração às loucuras do amor,
Enfrentando qualquer dor,
Que nos queira atrapalhar.

De corpo e alma hei de lutar,
Minha vida te doar
Prá vencer o teu temor
Te enchendo de amor
No teu peito hei de morar...

Loucura...?
Talvez...
Mas prefiro meus dias viver,
Na insensatez de sempre lutar,
A perder nossa chance de crescer
Por medo de recomeçar!

Quero viver esta paixão!

Anderson Machado

sábado, 29 de janeiro de 2011

Insegurança não virtual

Foto via Google Imagens/blogdaemme.com

Insegurança não virtual

Existem algumas coisas que estão tão desvirtuadas, tão tresloucadas, e a tanto tempo, que fazem imperar no ar um certo senso comum às avessas. A clássica definição de que somos seres sociais por natureza, nos dia de hoje não parece ser tão absoluta assim. Afinal, se somos “sociais” porque nos isolamos tanto? Porque criamos cada vez mais obstáculos para convivermos com as outras pessoas? E que fique claro que não to desconsiderando as “redes sociais” nas quais se descobrem amigos íntimos os quais nunca vimos e (muitos) nunca veremos. Conhecemos “avatars”, “perfis”, que nem sempre correspondem aos seres reais escondidos por trás do teclado. Isto a rigor não pode ser considerado vida social.
O que foi feito das conversas na porta de casa? Dos papos animados nas esquinas? Quem pode dizer que conhece os vizinhos? E o pessoal da rua então? Do bairro?
Pouco a pouco estamos nos isolando do mundo, na verdade criando ou aderindo a outros mundos, pois, no fundo, temos medo, muito medo do mundo real em que vivemos.
Existem muitos tipos de temores e todos colaboram pra essa conjuntura, porém há um em especial, estimulado, provocado e até alimentado por uma incompetência crônica do Poder Público em garantir um sentimento de segurança efetiva para as pessoas.
O fracasso estatal (nos três níveis) na garantia desse direito fundamental é tão flagrante que vivemos uma inversão de status. Quem vive mais livre, cidadão ou meliante? Quem impera nas calçadas - cada vez mais raras e imprensadas pelos muros imensos, cercas elétricas e grades, muitas grades?
É isto mesmo, nós cidadãos vivemos atrás das grades, presos com medo que bandidos de todas as espécies, nos tomem um bem, a paz ou até mesmo a vida. Enquanto isto, eles, avessos à lei, zombam de todos, livres senhores das ruas.
Não existe um sistema nacional eficiente de segurança pública, há sim esboços, tentativas tímidas nos últimos anos, mas se avançou pouco. Pelo menos aqui em Rondônia. Eu falo de sistema porque é preciso a interação de várias ações coordenadas que passam pela atuação de todos os níveis de governo:
A Municipalidade precisa caprichar na iluminação de TODA a cidade e manutenção disto, bem como na garantia de mobilidade urbana ampla (ruas transitáveis, pontes, passagens, etc.), bem como fiscalizar que as crianças em idade escolar estejam em sala de aula e não perambulando pelas ruas, semáforos ou “estacionamentos públicos”;
Ao Estado, por exemplo, é imperioso investir em ampliação, valorização e treinamento (inclusive humanização) das forças policiais, pra atuarem com menos força (quando desnecessária) e mais estratégia, inteligência institucional, equipamentos e condições dignas de trabalho. É fundamental dar mais atenção à educação, especialmente profissional, de jovens e adultos;
A União deve, entre outras coisas, intensificar o apoio ao Estado e ao Município, em suas ações específicas e não pode, de forma alguma, negligenciar a guarda de nossas fronteiras e o combate ao crime nacional ou regionalmente organizado, isto sem falar, mais uma vez, no investimento maciço, na educação, com destaque à superior.
Acredito que com vontade política e atitude é possível fazer muita coisa imediatamente, ainda dá tempo de evitarmos que deixemos de ser seres sociais e passemos a ter tão somente vida virtual.
Amo a interação nas redes sociais, mas não estou disposto a abrir mão do abraço caloroso de amigos e amigas nos encontros reais, casuais, na porta ou no batente, ou nas reuniões no boteco ou na rua, marcadas, inclusive, pela internet.
Quero a segurança Real e não a Insegurança não virtual!

Anderson Machado

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dica de Leitura: “O filho eterno”




Tezza, Cristovão, 1952 –
O filho eterno / Cristovão Tezza. – 8ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2009.

O nascimento de um filho como momento de ruptura na vida de um casal. Uma criança desejada, mas diferente. Nas palavras do pai, na tímida tentativa de explicar para os conhecidos, nos primeiro meses, uma criança com “um pequeno problema. Ele tem mongolismo.” De início, o estranhamento, e o pai assume que a urgência não é resolver o tal problema da criança – haveria algo a ser resolvido? -, mas o espaço que o filho ocupará na própria vida.
E a criança o ocupa, ocupará pelo resto da vida. Num livro corajoso, Cristovão Tezza expõe as dificuldades, inúmeras, e as saborosas pequenas vitórias de criar um filho com síndrome de Down. O périplo por clínicas e consultórios numa época em que o assunto não era tão estudado e ainda tinha o véu do misticismo, a tensa relação inicial com a mulher. “Numa das crises, ela lhe diz, no desespero do choro alto: Eu acabei com a tua vida. E ele não respondeu, como se concordasse – a mão que estendeu aos cabelos dela consolava o sofrimento, não a verdade dos fatos.”
Aproveita as questões que apareceram pelo caminho nestes 26 anos de Felipe para reordenar sua própria vida: a experimentação da vida em comunidade quando adolescente, a vida como ilegal na Alemanha para ganhar dinheiro, as dificuldades do escritor com trinta e poucos anos e alguns livros na gaveta, a pretensa estabilidade como cargo de professor em universidade pública.
Com precisão literária para encadear de maneira clara referências de anos e situações tão díspares, às vezes dentro do mesmo capítulo, Cristovão Tezza reforça, com a publicação de O filho eterno, seu lugar entre os maiores escritores brasileiros.

Minhas impressões: É um livrão, muito intenso! Os pensamentos “absurdos” que passam pela mente da personagem central – o pai, escritor – são incrivelmente palpáveis, a gente ao mesmo tempo que se assusta por alguém ter alguns daqueles pensamentos, tem que admitir que aquilo é humano e que ninguém pode arvorar-se a dizer que jamais, em momento algum, pensaria algo parecido. O livro ajuda a entender as nossas próprias mazelas e a não nos condenarmos por tê-las.
Não é um livro sobre a síndrome e sim uma gostosa viagem pelo pensamento humano estimulado por uma situação pouco “normal”. Vale a pena!

Observações: Prêmio Portugal Telecom 2008 / Prêmio São Paulo de Literatura – Melhor Livro do Ano 2008 / Prêmio Jabuti – Melhor Romance 2008 / Premio Bravo! 2008 / Prêmio APCA 2007

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Moinho sem Vento



Moinho sem Vento

Escolheste outro caminho,
E eu continuei a te amar,
Sim ... Fiquei muito sozinho.
Porém, não fui te procurar.

Mas hoje escuta o meu coração,
Que aqui do fundo te diz:
 - Respeito a tua opção,
E quero ver-te feliz.

-Peço-te um único favor:
Não me digas para esquecer o nosso amor!

Pois negar o que eu sinto

É negar o que eu sou,

Não lembrar que te amo
E de tudo o que se passou,
É tornar-me um moinho
Onde o vento nunca soprou,
Que nem sabe se existe,
Pois da vida, não provou.


Anderson Machado

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Participação: rédeas nas mãos


Imagem via Google/Imagens

Participação: rédeas nas mãos

Bem, se você já está acostumado a ler as más traçadas linhas postadas neste espaço, já deve ter percebido que não gosto muito da postura de vítima nem pra mim nem pra sociedade que vivo, sempre busco compreender as questões que nos afetam de forma integral na complexidade que se constituem, afinal, nada deve ser visto apenas de um ângulo, não existem, necessariamente, culpados e vítimas em tudo.
Sempre defendi que devemos ter em nossas mãos as rédeas do destino da nossa cidade, do nosso Estado e país. Isto não é novidade nenhuma. Alguns diriam que é, inclusive, uma utopia jurídica já consagrada na nossa Constituição, pois ela, praticamente, começa dizendo que todo poder emana do Povo.
Porém, não basta dizer que o poder vem do Povo. De que adianta ter Poder se não se sabe, ou não se quer usar?
É verdade que os administradores públicos que conhecemos pouco ou quase nada lembram quem é seu “chefe”, ou pior, acabam obedecendo “chefes” errados. As tentativas de manter viva a chama da maravilhosa experiência do orçamento efetivamente participativo, pelo menos cá entre nós, tem se restringido ao discurso. Os pragmáticos podem até dizer que não dá pra ficar fazendo assembléia de bairro pra dizer se é melhor fazer a praça ou o asfalto, por exemplo, que isto é coisa pra técnico, pra gente que entende de planejamento e que Povo não tem que ficar dando palpite. Já outros, talvez incautos, defendam, como eu, que quem sabe onde o calo aperta decide melhor o que fazer com o sapato ou mesmo se prefere ficar sem ele e comprar duas sandálias.
Os agentes públicos devem satisfação a nós que lhes concedemos o Poder, mais que isto, devem-nos obediência. Orçamento participativo e mandato imperativo – aquele em que o parlamentar perde o cargo se não defender os interesses do povo – precisam sair dos discursos eleitorais e ganhar lugar fixo e efetivo na legislação.
Todavia, isto não basta!
Somos fruto de uma sociedade que foi educada a não defender seus direitos, a ditadura militar, usando a Educação como instrumento de dominação, condicionou mais de uma geração à síndrome de gado. Formou-se uma sociedade em que lutar por direito virou sinônimo de baderna, reclamar, coisa de desocupado e política, praticamente, coisa do demônio, restrita a pessoas predestinadas, geralmente afetas ao desprezo pelo coletivo e a ganância pelo alheio.
Realmente há alguns anos as coisas mudaram. Lógico que não tudo, reclamar continua sendo coisa de gente incapaz e desocupada, afinal “reivindicar não adianta nada mesmo”, mas política não é mais pra gente “predestinada”. Não! Hoje é, praticamente, exclusividade de “pilantra, safado e vagabundo”. É aí que está o nó!
Tudo bem que nossa classe política tem muitos representantes da pior estirpe, mas jogar todas as pessoas que enveredam pela atuação política na vala comum dos desprezíveis, da escória da sociedade, é uma mentira, mas que isto, é uma afronta à democracia, uma estratégia sórdida, intensamente utilizada nos “anos de ferro” e até hoje, cuidadosamente, alimentada. Cujo objetivo sempre foi e ainda o é, afastar o Poder de todos aqueles que se consideram pessoas de bem.
Mas é preciso refletir: se todas as pessoas de bem, afastam-se da prática política, que é sem dúvida um aspecto indispensável de nossa vida em sociedade, pra quem vai sobrar a política? Apenas pros pilantras, safados e vagabundos!
É preciso que todos, a começar de cada um e cada uma, nos envolvamos verdadeiramente na definição de nossos destinos. É claro que nem todo mundo se sente chamado a concorrer a um cargo eletivo – quem se sente precisa fazê-lo – mas há muita coisa Política a fazer fora dos governos ou parlamentos. Porque não ir às reuniões da associação de bairro ou às assembleias do sindicato?
Porque votar em qualquer um e depois nem se lembrar quem foi?
E tantas coisas simples que podem fazer enorme diferença.
Talvez porque seja mais fácil reclamar que as ruas estão esburacadas, que o reajuste não saiu ou que um tal fulano que se elegeu deu um golpe de milhões, e posar de baluarte da verdade e da sabedoria, do alto de seu comodismo.
Então... é preciso que haja mais oportunidades de exercício efetivo do nosso Poder, mas, é imprescindível que usemos melhor os espaços que temos, assumamos nossas responsabilidades e lutemos por mais.
Já passou da hora de mudarmos de extremidade nas rédeas de nosso destino, chega de sermos gado.

Anderson Machado

domingo, 23 de janeiro de 2011

Perdoa-me



                        Perdoa-me!

Perdoa-me!
Perdoa-me por te amar;
Por não te tirar do meu pensamento;
Perdoa-me por pensar em você a todo momento.

Perdoa-me por ti querer;
Por sonhar com você ao meu lado
E por estar apaixonado.

Perdoa-me por sonhar contigo;
Por querer estar além
Muito Além de um amigo.

Perdoa-me por ter ti feito parte de mim;
Perdoa-me, por ti amar assim!

Anderson Machado          

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A Corrupção nossa de cada dia

Foto: Ilustração\Google

A Corrupção nossa de cada dia

O Brasil tem muitas virtudes, muitas mesmo, conheço boa parte deste país e o que não falta é motivo pra falar bem, tanto em relação às belezas naturais, praias, serras, montes, arquitetura; quanto em relação ao povo: gente bonita, receptiva, calorosa, simpática, e tantas outras qualidades que aumentam ainda mais o orgulho de ser brasileiro.
Mas há um tema que, mesmo não sendo capaz de sucumbir a alegria da brasilidade, volta e meia surge em nossas conversas como um “apesar de”. Quem ainda não se flagrou elogiando a riqueza da diversidade amazônica, a singularidade do mar nordestino, a tranquilidade fascinante das chapadas ou a delícia do clima nas serras do sul para em seguida dizer: “Se não fosse tanta roubalheira...”
É bem assim mesmo, todos reconhecemos o abençoado país que vivemos, mas é quase unânime o sentimento de tristeza quando nos referimos à honestidade nacional. Certamente a maioria das pessoas - como eu também, acredite! – não vê a corrupção como uma característica do nosso povo, algo que possa ser comparado à alegria brasileira em termos de característica, porém, precisamos nos atentar para algumas questões, sob pena de fecharmos os olhos pra origem dessa vergonha tão presente em nosso dia-a-dia.
O mais comum, certamente por ser o mais cômodo, é dizermos que a corrupção está no outro, no vizinho, no político, jamais nem nós. Mas será que é assim mesmo? Será que corrupção é só quando um agente público recebe propina, desvia dinheiro público, põe o interesse privado acima do interesse público?
É certo que a corrupção de agentes públicos é horrenda, revoltante, afinal, de uma só tacada o corrupto lesa todos nós e, especialmente, lesa aqueles que mais necessitam dos serviços públicos, como saúde, educação, segurança, ou seja, violenta aqueles que têm menos. O agente público corrupto é como um “Robin Hood” às avessas, pois tira, principalmente, dos pobres e distribui aos ricos (como ele mesmo e seus asseclas). Isto decorre, dentre outras coisas como falhas de caráter, daquele pensamento ignorante que confunde “público” com “sem dono”. Caramba, furtar, desviar, apropriar-se de algo que já é seu também, parece-me tão mesquinho, revela a pequenez do agente corrupto, é crime e como tal deve ser punido, sempre!
Mas para combater a corrupção não basta punir os agentes públicos corruptos, é preciso prevenir a corrupção, acabar com uma certa “cultura” impregnada em muitos de nós, segundo a qual é preciso levar vantagem em tudo. A corrupção surge na aceitação de certas condutas cotidianas.
Pensem comigo:
Quem escolhe seus candidatos catando um “santinho” na porta da seção eleitoral? Ou vota num ou noutro porque lhe prometeu uma tenha ou um emprego pra alguém próximo, mesmo sabendo que o tal candidato é corrupto? "Afinal todos são iguais, né?" "Se tenho que votar melhor garantir o “meu”".
Pronto! Está autorizada a roubalheira.
Quem, tendo caído em uma blitz não aceitaria pagar “R$10,00” ao policial para sair livre? Certamente muitos dirão: “Ah já fazem essas blitz é pra arrancar mais dinheiro mesmo, prefiro pagar “dezinho” que ter a aporrinhação de pagar multa ou coisa parecida.”
É corrupção! Isto vai ajudar que o agente que “quebra seu galho” acostume-se a pedir “um troco” pra deixar de cumprir seu papel.
Se você achar uma carteira com R$100,00, e os documentos do dono, você devolve? Pense que R$100,00 pode pagar a conta de água do mês e assim melhorar o aperto da tua casa, afinal “achado não é roubado quem perdeu foi descuidado”... Pois é, mas isto também é desonesto! Você está se apropriando de algo que não é seu, sabendo, inclusive, quem é o dono.
Alguém está no caixa do supermercado, acaba de fazer uma bela compra e, ao receber o troco, por confusão da caixa, recebe R$5,00 a mais de troco. Percebido imediatamente o erro, quem devolveria? "Ah, poxa, são só R$5,00 e esse mercado já cobra tão caro tudo, é um roubo o que fazem com agente, cinco reais não é nada..."
É sim! Não importa se é um real ou um milhão, a conduta é a mesma, quem fica com o troco errado, se tiver chance vai desviar um milhão.
Você está no carro ou no ônibus tomando um refrigerante enlatado, ao terminar, o que faz com a lata? Infelizmente, a maioria simplesmente joga pela janela. Isto demonstra que não se importa com a sujeira da cidade, não se importa com as outras pessoas.
São tantos exemplos, poderíamos passar horas aqui enumerando, mas penso que já é possível refletir.
Lembro que não estou querendo, de forma alguma, justificar a corrupção, pelo contrário combato-a com todas as minhas forças em todos os lugares, todos os dias, mas quero chamar a atenção de todos nós: é preciso que todos deixemos de achar normal as “pequenas transgressões”, ver que o “jeitinho brasileiro” não é uma qualidade; que esperto não é aquele que se dá bem passando por cima dos outros nas “bobagens” cotidianas.
Amigos, é bíblico:  Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes.” (Lc 16, 10).

Vamos melhorar o Brasil? Comecemos melhorando o que somos. O resultado será fantástico!

Anderson Machado

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sem Você

Foto via: http://vladraphaeldracul.blogspot.com/2010_06_01_archive.html

Sem Você

Disse à lua o que eu sentia
e a chuva que caia
só meu rosto ia molhar.

O seu brilho a me afagar
Fez meu corpo se perder
Flutuando de prazer
Quis então me entregar.

Lua doce companheira
fez minh’alma por inteira
de amor se encharcar.

Inundando este meu ser
fez a lágrima secar
Meu coração perceber
Que a vida vai continuar,

Que ainda posso lutar,
Ainda posso viver,
Ainda posso sonhar...
Mesmo sem ter você.


Anderson Machado

domingo, 16 de janeiro de 2011

Educação: mais que um bom “papo”




É unânime, educação é fundamental!
Ninguém nega a importância da educação, todos reconhecem nela o melhor caminho para o desenvolvimento, para o progresso. Posso citar pelo menos uns cinqüenta amigos que já usaram o Japão pós-guerra como exemplo de investimento na educação – mais da metade não faz idéia do que foi feito por aquelas bandas, mas ouviu falar e, como ratinho de biblioteca, repete o discurso.
Está na moda defender a educação, em qualquer roda é politicamente correto. Mas, a pergunta que não quer calar é: Quem está disposto a fazer realmente a sua parte?
A Constituição Federal estabelece que a Educação é direito de todos e dever do Estado e da família, portanto, há pelo menos dois agentes imprescindíveis. A indicação não foi desarrazoada, pois sem a atuação conjunta de família e Estado a educação não se dará eficientemente. E é neste ponto que precisamos de uma mudança cultural, pois todos têm consciência da necessidade de ação do Poder Público, porém, na hora “h”, ignoram suas próprias obrigações.
Sejamos sinceros, é possível educação de qualidade se os pais têm outras prioridades e não acompanham a vida escolar de seus filhos?
É comum pais exortarem, com razão, o governo a pagar melhor os professores e recusem-se a comparecer a uma única reunião na escola. Quantos pais, depois de um dia de trabalho, preferem assistir o jornal ou a novela à auxiliar os filhos na lição de casa?
São maioria os pais que realmente ouvem seus filhos sobre como foi o dia na escola? Quais se interessam em discutir com eles os temas tratados nas aulas?
Haverá melhora na nossa educação se, também nós, nos reeducarmos, se tivermos atitude e zelo para com nossas crianças e jovens, se lembrarmos a importância da educação em todos os momentos, não apenas em público, mas, especialmente, no nosso dia-a-dia, dentro de nossas casas.
Você que está lendo este texto pode estar pensando que eu estou tirando a responsabilidade do Poder Público e jogando-a sobre os ombros, já repletos de atribulações, dos homens e mulheres comuns, pais e mães da família.
Não, não estou! Repito, a responsabilidade é conjunta, se, em casa, mudarmos nossa postura, alcançaremos 50% de sucesso no processo, a outra metade precisa ser feita pelo Estado.
É necessário que o Poder Público atue em diversas frentes. É preciso que haja estrutura física adequada e material didático em todas as escolas. A metodologia tem que deixar de priorizar a memorização de conteúdos e passar a formar pensadores, críticos, homens e mulheres capazes de produzir conhecimento e não apenas reproduzir, mecanicamente, fórmulas e conteúdos.
Revolucione-se a escola, torne-se-a atrativa aos alunos e também a suas famílias!
Porém, para que tudo isto seja possível, é fundamental a existência de pessoas capacitadas, motivadas e dispostas a promover tal radical mudança. E é aí que está a mais destacada mudança que compete ao Estado. Digo isto porque, como requisito para o sucesso na educação, é o que está mais longe de uma situação aceitável.
O tratamento dispensado aos profissionais da educação é vergonhoso, todos: professores, diretores, pedagogos, supervisores, zeladores, merendeiros, etc. Na educação, nenhum profissional recebe o tratamento digno que deveria.
Se os servidores do Banco Central, por exemplo, são muito bem remunerados porque são responsáveis pela moeda do país, se os servidores do Congresso Nacional, ou das Assembleias Legislativas recebem ótima remuneração por atuarem no centro do Poder, porque os profissionais da educação, que são os responsáveis pelo maior tesouro de qualquer Nação, o seu futuro, não recebem o reconhecimento devido?
Insisto em algo que tenho dito a algum tempo: Não é possível que Juízes, Promotores, Parlamentares e tantos outros sejam remunerados tão melhor do que aqueles sem os quais jamais teriam alcançado tais postos: os professores.
Além das reformas estruturais que se fazem necessárias, deve o Poder Público, nas três esferas (Federal, Estadual e Municipal) mudar, de uma vez por todas, a política remuneratória para os profissionais da educação.
Se todos, famílias e governos, saírem do discurso, do papo, e decidirem assumir suas responsabilidades, nossa educação terá uma chance, se não, continuará a ser, apenas, uma boa bandeira a ser empunhada nos palanques e nas mesas de bar.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Viver de Novo



Viver de novo!

Quero de novo sentir
As mãos suarem, o corpo tremer
A alma em chama querendo te ter
A vida pulsando em todo por vir

Preciso de novo viver
Alegria nos teus olhos encontrar
Na doçura dos teus beijos embarcar
Com a coragem de nada temer

Quem ama da luta não cansa
De força se enche no peito
De amor alimenta esperança

Vem comigo sonhar sem medida
Sem medo, angústia ou tristeza
Vem fazer valer a vida

Anderson Machado

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Vidas Morro a Baixo!


Fotos Jocimar Farina via zerohora.com.br

É verdade, estamos todos muito tristes com o que está acontecendo na região serrana do Rio de Janeiro, algo em torno de 04 (quatro) centenas de vidas encerradas como consequência de um fenômeno metereológico e, como tal, previsível.
Aliás, as grandes catástrofes no Brasil advêm, em regra, de fatos previsíveis. Mas isto não é difícil de explicar, aliás, talvez o seja de entender, de aceitar; mas explicar, não. Pois no fundo todo mundo sabe por que acontecem.
Um parêntese, ainda esta semana, falando na Saúde em Rondônia, escrevi do estrago causado pelas armas dos “nossos” bandidos, que até bem pouco tempo eram os (ir)responsáveis pelo aquele setor por estas bandas. Armas como corrupção, incompetência, desrespeito pela vida das pessoas, ganância, politicagem, etc.. Estas armam atuam em toda parte e causam mortais prejuízos por todos os cantos de nosso país.
As mortes alarmadas nas manchetes midiáticas são resultados do uso das mesmas armas. Nas grandes cidades ou em lugares disputados como aquela região, ao longo dos anos, atuaram, de forma irresponsável, pseudos corretores, aliados a politiqueiros, que distribuíam/vendiam para os pobres o sonho da casa própria e para os ricos o luxo da casa na serra, em troca de votos e/ou lucro, sem importar-se com os riscos de promover construções em áreas impróprias.
A natureza é sábia, forrou as encostas com vegetação específica, estabeleceu todo um sistema natural e eficiente de drenagem, porém bandidos, com aquelas armas mortíferas, ignoraram isto, priorizaram “ganhar o seu”, financeira ou politicamente. Mas, como era de se esperar, volta e meia, a natureza cobra o preço.
O mais triste é que a fatura está sendo paga com vidas humanas, certamente aqueles que lucraram e elegeram-se às custas da irresponsabilidade, pra citar o mínimo, por ali não estavam na hora em que as vidas vieram morro a baixo.
É possível mudar este quadro? É lógico que é!
Porém, além de dinheiro, é preciso honestidade e coragem!
Temos tecnologia mais que suficiente pra avaliar as condições do solo e os efeitos das mudanças do clima. É preciso que se tomem atitudes concretas no sentido de remover as famílias das áreas de risco, presente e futuro, fazer as obras de contenção necessárias, administrar corretamente as barragens, etc..
É melhor perder alguns votos ou continuar permitindo a repetição deste trágico filme?
Nós sabemos qual é a única resposta aceitável, os bandidos sabem, os Políticos também, espero que a vida vença!
A prevenção é possível, é viável e bem mais barata que as permanentes reconstruções.
Que, já no próximo ano, tenhamos festas de fim e início de ano e não tragédias previsíveis e cruéis de janeiro.
Se a coragem e a honestidade subirem o morro, certamente, não mais teremos tantas vidas morro a baixo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Decisão



Vi no fundo do teu olhar
O desejo de se render
A sede de se entregar
à incontrolável ânsia de enlouquecer

Senti teu corpo vibrar
Tua mão estremecer
Teu corpo todo sonhar
Com a loucura de viver

Quis ti ter pra toda vida
Doar-te todo meu ser
E curar qualquer ferida
Que te faça entristecer!

Mas, se tu fores embora
Não terás o meu Amor...
Se ficar serás Senhora
E eu serei o teu Senhor.

Anderson Machado

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Caos: Na saúde, o Alemão é aqui!


Foto: Reinaldo Marques/Especial para Terra
 
Hoje comentei com alguns amigos que comparo a situação da Saúde de Rondônia àquela vivida pelo morro do Alemão no Rio de Janeiro, antetes da ocupação realizada com a ajuda de tropas federais.
No Alemão, há muitos anos, o tráfico imperava, todo mundo sabia disto, o governo do Estado tinha plena consciência, as pessoas, desesperançosas, conviviam, na medida do possível, com o império dos criminosos. Os bandidos, armados até os dentes de fuzis, metralhadoras e até lança-granadas, de sua parte deliciavam-se, vangloriavam-se e zombavam de todos, sempre do alto da certeza de que nada lhes atingiria.
No ‘nosso Alemão’, o desrespeito total à saúde era a regra absoluta, todos possuíam inegável conhecimento da situação, o Governo mascarava tudo com reformas de fachada e discursos hipócritas; as pessoas, anestesiadas pelo horror, sentiam-se impotentes, mas quedavam-se inertes. ‘Nossos’ bandidos, armados de corrupção, incompetência e desprezo pelas pessoas, riam-se de todos, na plenitude da impunidade sabida.
No Rio de Janeiro, depois de mais de um sem número de mortes causadas pelo tráfico, o Governo deu-se conta que não poderia agir sozinho, que era preciso superar a hipocrisia e a politicagem e buscar ajuda qualificada. As forças armadas foram chamadas, forças federais e estaduais uniram-se de forma planejada, inteligente e arrojada: invadiram o império da droga, expulsaram os delinqüentes, que rastejando ou correndo desesperados, pouco ou quase nada conseguiram resistir. O povo nas ruas apoiou e festejou a vitória do Estado, mesmo ainda não definitiva, mas comemorou a reação. Nós, pela telas e pelos monitores, vibramos, como poucas vezes se podia imaginar que ocorreria, com a imagens dos tanques de guerra que, paradoxalmente, venciam a batalha pra conquistar a paz.
Em Rondônia, esta semana, finalmente, vimos o Governo do Estado, sob nova direção, admitir que, sozinho, não tem condições de vencer os efeitos da corrupção, da incompetência e do desrespeito à vida dos rondonienses, além daqueles de outras naturalidades e nacionalidades que, diuturnamente, tem suas vidas postas em imensurável risco no império do mal que se tornou a saúde pública em nosso Estado. Ao decretar o estado de risco e de calamidade na saúde e pedir ajuda ao governo Federal, o novo governador agiu com humildade e inteligência, não deu ouvidos à politicagem e à hipocrisia, buscou ajuda qualificada. Agora esperamos Estado e União atuando juntos, igualmente de forma inteligente, planejada e com arrojo, para ocupar as unidades de saúde do Estado. Queremos ver exércitos de médicos, enfermeiros, auxiliares e tantos mais profissionais sejam necessários para pacificar nossa saúde e devolver ao nosso povo a dignidade no atendimento. A solução não é ainda a definitiva, mas, não tenho dúvida, com reforço na tropa, venceremos as primeiras batalhas.
O Morro do Alemão no Rio, hoje, aproveita os resultados da ocupação e aguarda a adoção de outras medidas para assegurar-lhe a paz duradoura.
Na Saúde de Rondônia, a batalha está começando, mas, ao que tudo indica, finalmente temos um general com coragem pra conduzir a batalha. Que assim seja, boa luta a todos nós!

Virando a Página

Foto via versoseblablabla.blogspot.com


                 Virando a Página



Como é difícil dizer adeus,

Desatar os laços, cortar pedaços,

Por fim a um tempo

Que foi mais que um momento,

Que não se fez de ilusões,

Envolveu dois corações

E ficou forte no peito.


A lembrança será sempre viva,

Ativa, vibrante.

Os passeios no mirante e as noites ao luar

Hão de sempre me lembrar

Aquela que um dia me ensinou

O que é amar...


O que um outrora se fez Amor,

A partir deste momento,

Será apenas lembrança

em meu pensamento

Pois, sei que é chegada a hora...

Nosso tempo acabou!

A página, dolorosamente, virou!


Anderson Machado

domingo, 9 de janeiro de 2011

Os Deuses e o Dolar


Figura via canstockphoto.com.br

Não sou economista. Na verdade, prefiro até manter distância, inclusive, do idioma próprio dos profissionais da área, o economiquês. Porém, tem hora que é preciso alguém normal dizer umas coisinhas para os tais mega-ultra-plus especialistas em economia do tipo que faz comentários pra Globo, Folha, etc., afinal, parece que eles pensam não existir vida inteligente fora do “mercado”.
Aliás, quando eu era pequeno (acreditem eu fui pequeno!) achava que esse tal de “mercado” era algum tipo de deus que sempre era culpado por tudo, mas que também tinha todas as soluções. Cresci (bastante) e a percepção de hoje melhorou um pouco, já não acho que o mercado seja um deus, descobri que alguns experts têm certeza de tal divindade... E o pior é que para aqueles que se vêem como supra sumo do conhecimento, o tal mercado é um deus estático, de única visão e que só reage de uma única forma... caramba que deus fraquinho!
Mas voltemos ao rumo principal da prosa. Já desde o fim do ano passado, um dos principais assuntos tratados pelos fluentes em economiquês é a “terrível” desvalorização do Dólar americano perante o nosso Real.
Dizem os pseudo-arautos do saber econômico que um Real forte é ruim para o Brasil, pois prejudicaria de forma incontestável as exportações brasileiras, afinal, o Brasil perderia competitividade, com nossos produtos tornando-se mais caros e, também, porque o turismo do Brasil teria prejuízo, uma vez que seria mais caro para os gringos viram pra cá, etc., Por tudo isto, pela vontade divina do deus mercado o Brasil precisa urgentemente barrar a queda da moeda americana e, se o governo não interferir, imediatamente, nesse processo, estará sendo omisso e blá blá blá...
Mas pêra aí! Para tudo! Eita pensamento torto esse do pessoal do economiquês! Sempre diziam que o tal deus mercado não podia ter qualquer interferência do Estado, e agora querem por que querem intervenção? Durma-se com um barulho desses!
Não seria mais fácil deixar de lado esse pensamentozinho segundo o qual o Brasil só vai ter sucesso nas exportações se seus produtos forem os mais baratos e que turistas só virão pra cá se tudo aqui for barato pra eles?
Quando você vai compra alguma coisa seu único critério é o preço? Você não leva em consideração a qualidade do produto, a comodidade/praticidade ou conforto que proporciona?
Não tenho dúvida que o preço é importante, mas não é tudo, o que você vende faz muita diferença. Por que o Brasil precisa ser sempre vendedor de matérias primas (nisto realmente o preço é completamente decisivo)? Será que o tal do deus mercado não poderia incentivar mudança no perfil de nossas exportações? Não seria melhor o Brasil, em vez de exportar cacau e importar chocolate, industrializar por aqui mesmo o fruto e, com investimento em pesquisa e tecnologia, produzir excelentes chocolates “made in Brasil”? Isto pra citar um exemplo pequeno, o mesmo poderia (e na verdade deveria) ser feito com o café, a soja, o minério de ferro, etc. Agregar tecnologia e qualidade aos produtos é bem mais inteligente e lucrativo que ficar tentando valorizar a moeda do Tio Sam.
Outra, se moeda desvalorizada é fundamental pro turismo, queria que algum letrado em economiquês explicasse pra mim: Porque New York, nos EUA, recebe duas vezes mais turistas que o Brasil inteiro?
Estaria eu sendo muito ignorante se dissesse que o deus mercado deveria empenhar-se na melhoria da nossa estrutura turística (afinal, turismo é negócio e não atividade estatal)?
É... melhor eu mudar de estratégia, falar em industrialização, investimento em turismo e outras “bobagens” é chatear demais o deus mercado, melhor mesmo é aumentar minha fé e clamar a Deus do céu!

sábado, 8 de janeiro de 2011

As marcas dos amigos em nós




     Dias desses recebi um email onde alguém falava que os amigos deixam marcas uns nos outros, mesmo que às vezes não queiram.  Aí fiquei pensando. Busquei o que tenho dos amigos dentro de mim... e não encontrei nada que eu preferisse não ter (reconheço que há algumas lembranças que têm um certo travo, um saborzinho meio ardido, mas ainda assim coisa que eu não expurgaria, nem se pudesse; até porque sei, hoje, que, quase sempre, aquele tempero errado, ou aquele descuido, que acabou por estragar um ou outro prato do maravilhoso banquete que a amizade nos proporciona vida a fora teve minha contribuição, sozinho ou em parceria).
     E, pensando, bem, não sou muito mais que a soma dessas marcas.
     De um, lá na adolescência, guardei o companheirismo, a obrigação de fidelidade,  tão bem definida na frase que  nos guiava, verdadeira lei, que não admitia ilicitudes: “amigo é aquele que é na ida e na volta”.
     Mais na frente, outro me deu lições de consciência política, cobrando coerências e responsabilidades, até mesmo me acusando de “alienação”, por pura intransigência ideológica - coisas da época...
     Adiante, um outro (imenso poeta que era – e continua sendo) me ensinou de talentos maravilhosos que a timidez pode ocultar; e da arrogância que nos habita e pode nos impedir de vê-los.
     Houve aquele, companheiro de tantas boemias, que nunca foi capaz de uma palavra ríspida, ou mesmo de um não, o amigo que era só carinho, e que se afastou, hoje sei (e de certa forma já sabia), simplesmente meio envergonhado por conta de uma dividazinha ridícula. Aí se foi, de repente, na flor da meia-idade. E deixou uma imensa saudade.
     E a importância da palavra, de que o que um homem diz vale mais do que qualquer papel? Essa me veio de um outro que se foi antes da hora. Aliás, nunca é hora dos amigos partirem – também por isso são tão importantes as marcas que eles deixam em nós: é um jeito deles ficarem mais um pouco.
     Só nesse pequeno intervalo de lembranças já encontrei lições,  marcas, que falam de fidelidade, consciência, responsabilidade, carinho, firmeza, saudade...
     Não é o caso de fazer inventário de amigos – nem são tantos, mas são tanto; e não há como se inventariar intensidades. Certo é que que só de olhar pra os amigos dentro de mim já cresci um pouquinho mais. Suas marcas continuam dando frutos – e me ajudando a errar menos no tempero, e no cuidado, dos banquetes que ainda pretendo compartilhar.
Aroldo Galindo
Conheça melhor meu amigo Aroldo Galindo: http://www.aroldogalindo.com/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Contraste


Porto Fluvial, em Porto Velho (Foto V. Campanato, ABr)

Contraste

Do Mirante eu vejo o rio
Me encanto com sua grandeza
Dali mesmo vejo favela,
Gente humilde na janela,
Bate no peito a tristeza

Tristeza da dor de quem sofre
Da falta sentida que sei
De fome, silêncio e morte
Sem sorte, sem vida, sem lei

Mas não é choro que se vê
Não é o pranto que soa ao vento
Não há murmúrio, nem lamento
É esperança que se vê

Há um povo que vibra c’um lote
Que pulsa alegria, força, esperança
Faz do seu dia-a-dia orgulho
Luta, sonho, canto e dança.

Povo forte, que à própria sorte
Entregue sempre se viu
Mas que nunca desistiu
Pois é assim: gente do Norte!

Anderson Machado

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Vou de Ônibus?




Foto: via stripesandcolor.blogspot.com

Não tem jeito, em Porto Velho tem um assunto mais falado que o BBB. Todos os sites falam disto, nas ruas, soltando papagaio, a garotada comenta, no bar da esquina, enquanto a saideira não chega, a galera reclama, na fila do banco, na lotérica, no self-service, na sexta-feira do Mercado Cultural, o papo geral é a tarifa do ônibus.
Sendo assim, não poderia eu deixar de dar também o meu pitaco...
É certo que o valor da tarifa do transporte público coletivo em Porto Velho é cara, ainda mais quando consideramos a qualidade do serviço prestado. Porém, faço uma análise diferente da que tem sido feita, em regra, na cidade. Não me preocupa prioritariamente eleger um culpado, penso que é preciso entender o processo que está por trás dessa discussão. Mais uma vez está acontecendo a boa e velha luta entre o poder econômico e sociedade organizada.
Isto é assim porque a maioria das pessoas queixa-se, privadamente, e até chega a reclamar com o colega do lado, mas, dificilmente, permite-se, efetivamente, dedicar-se ao debate, à discussão. Não me parece difícil antever o resultado dessa luta, afinal, de um lado as empresas com suas planilhas, números e todos os argumentos possíveis a fundamentar sua posição. Do outro, uma sociedade (des)organizada que, com significativos argumentos a seu favor e portador imensa e incontestável força, sequer conseguiu manifestar claramente sua insatisfação, que não teve atitude eficaz diante do rald, até agora, decisivo.
Isto, a meu ver, tem muitas razões e uma em especial. Refiro-me ao dilema que algumas das principais lideranças mobilizadoras de nossa sociedade ainda parecem viver, aquele que foi notado em alguns momentos durante os 08 (oito) anos do governo Lula. A cruel dúvida vivida por lideranças de partidos de esquerda: Sou movimento popular ou administração? A mim parece que deveriam seguir a orientação do ex-Presidente Lula que, mesmo na condição de mandatário da nação, sempre disse que era preciso que o movimento popular fizesse a pressão, porque isto ajudaria o governo, que sofre pressão também do outro lado, a adotar o melhor caminho.
Ou seja, não importa se o governo é do PT, DEM, PCdoB, PSDB, outro qualquer outro, é preciso que o movimento cumpra seu papel, faça a luta, mobilize o Povo, seja a voz das ruas.
Se isso não for feito, prevalecerá a vontade do sempre organizado e sedutor poder econômico. Prova disto é a manifesta defesa do ex-sindicalista, agora secretário da SEMTRAM, a favor do reajuste.
A decisão da Administração Municipal será resultado desta disputa e não da vontade particular de quem quer que seja, é preciso fazer o bom combate.
Há esperança no ar... Mas é preciso realmente mobilizar e fazer valer a vontade do Povo.
Se não for assim, de ônibus não vou!