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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Caos: Na saúde, o Alemão é aqui!


Foto: Reinaldo Marques/Especial para Terra
 
Hoje comentei com alguns amigos que comparo a situação da Saúde de Rondônia àquela vivida pelo morro do Alemão no Rio de Janeiro, antetes da ocupação realizada com a ajuda de tropas federais.
No Alemão, há muitos anos, o tráfico imperava, todo mundo sabia disto, o governo do Estado tinha plena consciência, as pessoas, desesperançosas, conviviam, na medida do possível, com o império dos criminosos. Os bandidos, armados até os dentes de fuzis, metralhadoras e até lança-granadas, de sua parte deliciavam-se, vangloriavam-se e zombavam de todos, sempre do alto da certeza de que nada lhes atingiria.
No ‘nosso Alemão’, o desrespeito total à saúde era a regra absoluta, todos possuíam inegável conhecimento da situação, o Governo mascarava tudo com reformas de fachada e discursos hipócritas; as pessoas, anestesiadas pelo horror, sentiam-se impotentes, mas quedavam-se inertes. ‘Nossos’ bandidos, armados de corrupção, incompetência e desprezo pelas pessoas, riam-se de todos, na plenitude da impunidade sabida.
No Rio de Janeiro, depois de mais de um sem número de mortes causadas pelo tráfico, o Governo deu-se conta que não poderia agir sozinho, que era preciso superar a hipocrisia e a politicagem e buscar ajuda qualificada. As forças armadas foram chamadas, forças federais e estaduais uniram-se de forma planejada, inteligente e arrojada: invadiram o império da droga, expulsaram os delinqüentes, que rastejando ou correndo desesperados, pouco ou quase nada conseguiram resistir. O povo nas ruas apoiou e festejou a vitória do Estado, mesmo ainda não definitiva, mas comemorou a reação. Nós, pela telas e pelos monitores, vibramos, como poucas vezes se podia imaginar que ocorreria, com a imagens dos tanques de guerra que, paradoxalmente, venciam a batalha pra conquistar a paz.
Em Rondônia, esta semana, finalmente, vimos o Governo do Estado, sob nova direção, admitir que, sozinho, não tem condições de vencer os efeitos da corrupção, da incompetência e do desrespeito à vida dos rondonienses, além daqueles de outras naturalidades e nacionalidades que, diuturnamente, tem suas vidas postas em imensurável risco no império do mal que se tornou a saúde pública em nosso Estado. Ao decretar o estado de risco e de calamidade na saúde e pedir ajuda ao governo Federal, o novo governador agiu com humildade e inteligência, não deu ouvidos à politicagem e à hipocrisia, buscou ajuda qualificada. Agora esperamos Estado e União atuando juntos, igualmente de forma inteligente, planejada e com arrojo, para ocupar as unidades de saúde do Estado. Queremos ver exércitos de médicos, enfermeiros, auxiliares e tantos mais profissionais sejam necessários para pacificar nossa saúde e devolver ao nosso povo a dignidade no atendimento. A solução não é ainda a definitiva, mas, não tenho dúvida, com reforço na tropa, venceremos as primeiras batalhas.
O Morro do Alemão no Rio, hoje, aproveita os resultados da ocupação e aguarda a adoção de outras medidas para assegurar-lhe a paz duradoura.
Na Saúde de Rondônia, a batalha está começando, mas, ao que tudo indica, finalmente temos um general com coragem pra conduzir a batalha. Que assim seja, boa luta a todos nós!

5 comentários:

  1. Sabe, a atitude é louvável, coisa nunca antes feita por nenhum governo. Admiro Confúcio por sempre procurar inspirações pra suas ações, buscar conhecimento.

    Mas quero ver se, algo der errado nos próximos 4 anos, ele admitir que estava errado, e fechar os olhos para a realidade. Agora é fácil pois cai na culpa do Cassol.

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  2. Depois que assisti a matéria no Jornal Nacional (Ed. de 10/01/2011) a respeito da Unidade Hospitalar do João Paulo II confesso que senti uma mistura de sentimentos. Raiva, indignação, constrangimento e uma profunda impotência.

    Enfim, tentarei traduzir os meus sentimentos com as seguintes indagações:

    Será que esse caos se instaurou somente após o resultado das eleições de 2010?

    Por que o Governador Cassol e o VICE Cahulla não tomaram uma providência para evitar essa situação, afinal a administração anterior perdurou por nada menos que 08 (oito) anos?

    As reformas que o Governo Cassol realizaram no João Paulo II não foram suficientes? Qual o valor de verbas públicas gastos na reforma do nosômico?

    Por que Porto Velho virou o "gargalo" no atendimento de saúde do Estado? Por que não temos um Pronto Socorro em Ji-Paraná, bem mais perto de todo o interior do Estado?

    Será que o eleitor de Rondônia tem cara de palhaço?

    Será que os políticos de Rondônia tem a certeza que somos palhaços?

    Fica o meu registro que pelo menos o Governador Confúcio agiu prontamente e não ficou enrolando, muito menos empurrando o problema com a barriga.

    Está na hora da nossa Rondônia crescer!

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  3. Pois é Henry, como vistes no texto, pensamos da mesma forma. Tenho boas expectativas, mas é preciso trabalhar pra frente e apurar os desvios passados.

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  4. Grande texto, Anderson, parabéns. É preciso que mais e mais espaços discutam os problemas de Rondônia, não só os de saúde, como nesse caso. O trânsito, o tráfico, a insegurança, a precariedade da educação. E esse debate, essas denúncias têm que partir de nós mesmos, cidadãos, não temos que esperar sair no G1, nem no Jornal Nacional. Há tanto a se dizer sobre esse caso. Pra não me estender, deixo uma observação sobre a comparação que você fez entre Rondônia e o Alemão: Lá, os traficantes, o câncer daquela situação, sairam fugidos, alguns podem até ainda estar desfrutando das riquezas que acumularam. Aqui, bem...pelo menos um dos maiores responsáveis por essa situação (nos últimos 8 anos)...foi eleito para o Senado e esbanja poder nos quatro cantos do Estado.
    Que venham dias melhores para Rondônia com mais consciência por parte dos eleitores.
    Abraços.

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  5. Decretar estado de calamidade no país está virando uma rotina, o que naturalmente é uma vergonha. Concordo com você ao comparar o morro do Alemão com a saúde de Rondônia, o descaso nos dois casos vem de anos e era iminente se tornar um caos e mais iminente ainda se tomar uma atitude. A saúde no Estado de Rondônia já não vinha bem há muito tempo, o problema agravou-se ainda mais com a mobilização de pessoas vinda de outros Estados, em busca de uma oportunidade de emprego nas Usinas hidrelétricas do Rio Madeira. O Estado não tem uma infraestrutura adequada para atender tanta gente.
    Eu sou favorável ao crescimento do Estado, mas um crescimento com responsabilidades, com competência, com clareza e não é isso que se ver, a negligência na administração pública é caótica. Por isso o povo anda tão desacreditado, os políticos sempre com suas promessas, mas promessas sem um milagre não adianta.
    O governador sempre se refere ao SUS, em seu blog em um desses momentos disse: “Mostrar a realidade serviu de alerta que nem tudo é um mar de rosas no SUS. Que na teoria é máximo...
    O SUS não é um máximo, mas é tudo que temos sem esse sistema a saúde seria muito pior; como há vinte anos.
    SUS “vinte anos vividos beneficiando milhares de pessoas, uma luta constante procurando mesmo que precariamente prestar um atendimento de qualidade a sua população.
    Para o SUS ser o máximo depende de cada um de nós, da atenção, do valor, da credibilidade e o respeito a esse sistema.
    O primeiro passo foi dado Sr governador a estrada é longa, vamos acreditar no melhor para Rondônia.

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