É unânime, educação é fundamental!
Ninguém nega a importância da educação, todos reconhecem nela o melhor caminho para o desenvolvimento, para o progresso. Posso citar pelo menos uns cinqüenta amigos que já usaram o Japão pós-guerra como exemplo de investimento na educação – mais da metade não faz idéia do que foi feito por aquelas bandas, mas ouviu falar e, como ratinho de biblioteca, repete o discurso.
Está na moda defender a educação, em qualquer roda é politicamente correto. Mas, a pergunta que não quer calar é: Quem está disposto a fazer realmente a sua parte?
A Constituição Federal estabelece que a Educação é direito de todos e dever do Estado e da família, portanto, há pelo menos dois agentes imprescindíveis. A indicação não foi desarrazoada, pois sem a atuação conjunta de família e Estado a educação não se dará eficientemente. E é neste ponto que precisamos de uma mudança cultural, pois todos têm consciência da necessidade de ação do Poder Público, porém, na hora “h”, ignoram suas próprias obrigações.
Sejamos sinceros, é possível educação de qualidade se os pais têm outras prioridades e não acompanham a vida escolar de seus filhos?
É comum pais exortarem, com razão, o governo a pagar melhor os professores e recusem-se a comparecer a uma única reunião na escola. Quantos pais, depois de um dia de trabalho, preferem assistir o jornal ou a novela à auxiliar os filhos na lição de casa?
São maioria os pais que realmente ouvem seus filhos sobre como foi o dia na escola? Quais se interessam em discutir com eles os temas tratados nas aulas?
Haverá melhora na nossa educação se, também nós, nos reeducarmos, se tivermos atitude e zelo para com nossas crianças e jovens, se lembrarmos a importância da educação em todos os momentos, não apenas em público, mas, especialmente, no nosso dia-a-dia, dentro de nossas casas.
Você que está lendo este texto pode estar pensando que eu estou tirando a responsabilidade do Poder Público e jogando-a sobre os ombros, já repletos de atribulações, dos homens e mulheres comuns, pais e mães da família.
Não, não estou! Repito, a responsabilidade é conjunta, se, em casa, mudarmos nossa postura, alcançaremos 50% de sucesso no processo, a outra metade precisa ser feita pelo Estado.
É necessário que o Poder Público atue em diversas frentes. É preciso que haja estrutura física adequada e material didático em todas as escolas. A metodologia tem que deixar de priorizar a memorização de conteúdos e passar a formar pensadores, críticos, homens e mulheres capazes de produzir conhecimento e não apenas reproduzir, mecanicamente, fórmulas e conteúdos.
Revolucione-se a escola, torne-se-a atrativa aos alunos e também a suas famílias!
Porém, para que tudo isto seja possível, é fundamental a existência de pessoas capacitadas, motivadas e dispostas a promover tal radical mudança. E é aí que está a mais destacada mudança que compete ao Estado. Digo isto porque, como requisito para o sucesso na educação, é o que está mais longe de uma situação aceitável.
O tratamento dispensado aos profissionais da educação é vergonhoso, todos: professores, diretores, pedagogos, supervisores, zeladores, merendeiros, etc. Na educação, nenhum profissional recebe o tratamento digno que deveria.
Se os servidores do Banco Central, por exemplo, são muito bem remunerados porque são responsáveis pela moeda do país, se os servidores do Congresso Nacional, ou das Assembleias Legislativas recebem ótima remuneração por atuarem no centro do Poder, porque os profissionais da educação, que são os responsáveis pelo maior tesouro de qualquer Nação, o seu futuro, não recebem o reconhecimento devido?
Insisto em algo que tenho dito a algum tempo: Não é possível que Juízes, Promotores, Parlamentares e tantos outros sejam remunerados tão melhor do que aqueles sem os quais jamais teriam alcançado tais postos: os professores.
Além das reformas estruturais que se fazem necessárias, deve o Poder Público, nas três esferas (Federal, Estadual e Municipal) mudar, de uma vez por todas, a política remuneratória para os profissionais da educação.
Se todos, famílias e governos, saírem do discurso, do papo, e decidirem assumir suas responsabilidades, nossa educação terá uma chance, se não, continuará a ser, apenas, uma boa bandeira a ser empunhada nos palanques e nas mesas de bar.