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Liderar é um dom, não se fabricam líderes, eles são forjados na luta, no cotidiano da vida que lhes compete. Líderes são sábios, responsáveis, zelosos em seus deveres, um verdadeiro líder não se omite, propõe; não foge, enfrenta junto cada obstáculo. Líderes verdadeiros abdicam do interesse próprio para defender o bem comum, para cumprir a missão que lhe cabe.
Porém, o que temos visto nos últimos dias é teimosia, omissão, falta de comprometimento, apatia, truculência e covardia naqueles que deveriam, pela posição republicana que ocupam, ser líderes da Nação.
Estou me referindo ao quadro de horrores que se desenhou na Procuradoria Geral da República em Brasília. Aquele lugar que deveria ser um quartel general da cidadania, uma fortaleza em defesa dos direitos mais fundamentais de todos os homens e mulheres deste país, foi transformado, pela fraqueza de seus representantes, em exemplo de exceção, de abuso. Em poucas horas, um espaço que deveria simbolizar a modernidade cívica e democrática foi arrastado para dentro de um ambiente escabroso, carregado de autoritarismo, violência, desrespeito. Em nome de uma suposta “autoridade” instaurou-se um verdadeiro, como disseram alguns colegas, estado de sítio, onde direitos dos mais fundamentais foram simplesmente ignorados.
Se um distraído cidadão fosse arrebatado com o noticiário dos fatos ocorridos no interior da PGR nos últimos dias, teria convicção que o tempo da ditadura não passou, teria a certeza que os tanques voltaram às ruas e que a nação ainda vive sob a sombra da barbárie. Afinal, seguranças barrando servidores, fechando escadas de incêndio e elevadores; impedindo que sindicalistas ultrapassem sequer a cerca derradeira do “quartel”; fazendo revista pessoal em servidores da casa sem justificativa plausível; fechando portões para impedir a livre manifestação (praticando verdadeiro cárcere privado) e espoliando simples trombeta, como se fuzil fosse; só podem estar sob ordens emanadas daqueles “generais” de outrora. Não, jamais um chefe do Ministério Público da União, defensor da sociedade, segundo a Carta Magna de 1988, em sã consciência, ordenaria tais desmandos!
É de uma impropriedade sem tamanho a “homenagem” que a Administração faz aos seus servidores, especialmente os lotados na PGR, na semana dedicada nacionalmente ao Servidor. Hoje, enquanto recebia mais notícias de aberrações e atentados contra os servidores na PGR, chegava em minhas mãos dois “Informativos” intitulados “Gestão Estratégica”, cheio de sorrisos, a começar do próprio PGR, passando por outras “autoridades” e vários servidores que, certamente, iludidos por discursos belos e mentirosas promessas de valorização institucional, emprestaram seus esforços para planejar algo que, infelizmente, a julgar pelo tratamento dado pela Administração aos seus servidores, jamais sairá das belas e coloridas páginas dos “(des)informativos” para a vida real.
Enquanto os Administradores do MPU não abandonarem as práticas sofistas e, verdadeiramente, passarem a respeitar e valorizar a verdadeira alma da instituição, que são seus servidores efetivos, o Ministério Público da União jamais deixará de ser um arremedo daquela instituição fundamental à sociedade brasileira, idealizada na Constituição de 1988.
Os Servidores do MPU estão sendo vítimas da violência, do autoritarismo e da truculência, na tentativa de impedir que lutem por um bem que pertence a toda a Nação brasileira, o Ministério Público da União. Porém, para cada servidor empurrado, cada colega desrespeitado, cada trombeta silenciada, dezenas de outros virão para lutar, resistir e fazer ouvir a nossa voz. Cedo ou tarde os novos “generais”, vencidos, cederão e um Ministério Público da União forte e atuante se fará, com servidores, verdadeiramente, valorizados.
Estamos na luta!