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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Usinas do Madeira: Acorda Povo!

Imagem via Google/Imagens

Pensei bastante antes de escrever este post. Não exatamente elaborando o que escrever, mas, na verdade, analisando a oportunidade de tratar sobre esta situação que há bastante tempo me angustia, por perceber o estado de coisas a que estamos sendo submetidos. Não queria de forma alguma posar como aquele torcedor de futebol que, após a conquista de títulos por seu time do coração, segura aqueles cartazes, recém escritos, com a frase: “Eu já sabia!”. Até porque, neste caso, minha torcida é para que as impressões iniciais estejam erradas. Mas não poderia ficar na omissão.
Refiro-me, especificamente, aos empreendimentos no Madeira. Nunca escondi, aliás, orgulho-me de ter contribuído na construção do contra-ponto à “onda das usinas”, ao participar dos movimentos que questionaram a forma como os empreendimentos foram propostos, sua efetiva necessidade e, especialmente, o que, verdadeiramente, provocariam em termos de mudanças em nossa região.
À época, inebriados pelo canto da sereia, estrategicamente encomendado pelos donos dos empreendimentos, gritava-se pelas ruas: “Usinas JÁ!”.
Naqueles tempos, quem, como nós, fazia questionamentos sobre o destino de nossa gente, de nossa cidade, de nosso Estado, era taxado de “contra o desenvolvimento”, “inimigo de Rondônia”, “inimigo do Brasil”. Afinal, as promessas de mil e uma maravilhas imperavam. Falava-se em trabalho, geração de riqueza e oportunidades para todos, inclusive para as, “pouquíssimas”, famílias que deixariam suas casas, para deixar o progresso chegar, mas receberiam uma “bela indenização”.
Quando gritávamos que o sistema de saúde, já precário até então, entraria em colapso, que não haveria vagas para todas as crianças, etc. etc. Logo alguém gritava: - “As compensações não só atenderão ao crescimento da demanda, como melhorarão a qualidade de vida de todas as pessoas!”
Certo! E onde está a tão propalada qualidade de vida?
Cadê os hospitais, os novos leitos, os equipamentos? Sei que algumas obras foram feitas e outras estão por fazer, mas serão suficientes para tornar a situação melhor do que era antes? Se a população cresce 50%, ampliar 10% (?) do atendimento resolve?
Cadê as obras de água e esgoto, financiadas pelo governo federal e que o governo estadual não demonstrou até agora capacidade de realizar?
Onde estão as escolas? Só em Jacy-Paraná há mais de 200 (duzentas) crianças fora de sala de aula porque não há vagas.
E os viadutos, que aparentemente aliviariam em certa medida o caos de nosso trânsito, foram abandonados pela empresa responsável e vão se tornar monumentos à burocracia e à ineficiência?
E os empregos? Ah, neste ponto muitos dirão: - “estão aí, ninguém em Porto Velho fica desempregados a não ser que queira!”. E devo dizer que empregos, hoje, há. Mas quantos resistirão ao fim das obras? Quais as condições que estão sendo, efetivamente criadas para que, após o fim do “ciclo das usinas”, Porto Velho e região não enfrentem tenebrosa depressão econômica e social?
Como disse no começo deste texto, quero estar errado. Quero estar sendo precipitado.
Desejo profunda e sinceramente que um terço das promessas que encantaram governantes e sociedade rondoniense sejam cumpridas. Porém, para isto, é preciso uma ação forte, uma aliança entre prefeitos, governador, deputados, empresários (aqueles comprometidos com nossa gente), trabalhadores, homens e mulheres que amam esta terra para que, agora e não depois, sejam revistos os valores e efetivadas as obras compensatórias, privadas (por conta das empreiteiras) e públicas (bancadas pelo governo federal). Afinal, o barulho ensurdecedor das explosões das rochas, dos gritos dos trabalhadores oprimidos, do choro do povo atingido e o lamento da sociedade decepcionada começam as superar o encanto da melodia das “sereias”. É preciso que as empreiteiras que tanto lucro têm e terão com as usinas e o Estado brasileiro que tem em nossas águas um enorme alento às necessidades energéticas das regiões sul e sudeste, paguem a conta.
Não podemos aceitar que para o povo de Porto Velho, de Rondônia, restem apenas os problemas e a ressaca do período de construção.
Há algumas semanas assisti um evento denominado “Rondônia Antenada no Futuro”, uma iniciativa louvável da equipe do meu amigo professor Ricardo Pianta (FSL). Lá, nas falas do Governador e de representantes do setor produtivo do Estado, ouvi boas idéias, vislumbrei até boa intenção. Mas não basta! É preciso agir agora. É preciso enfrentar empreendedores e governo federal. Antes que seja tarde demais!
Acorda meu povo!

6 comentários:

  1. Por essas e outra Anderson que sempre fui contra a instalação dessas Usinas.
    Sabia que seria uma válvula de escape para a corrupção, para os desvios desenfreados e para a penalização de nosso povo já tão desprezado e esquecido por estes governantes extremamente ligados ao seu ego e aos seus devaneios.
    Ademais, perdi a Cachoeira do Teotônio onde adorava pescar. Tudo em nome de um progresso que não chega, de uma qualidade de vida que não vem.
    Ademais, não sei se você se recorda o quanto sofríamos na década de 80 com os constantes apagões. Pergunto: quando o sul e osudeste com a sua mega usina (Itaipú) se preocupou em mandar um quilowatezinho para nós??? Nunca, porque Rondônia era e é ainda nada para eles.
    Sinto-me a colônia sendo invadida pelos desbravadores, que vieram aqui para explorar.
    Faço outra pergunta: diante do exposto, porque que eu tenho que dar o que é meu por direito para um bando de gente que nunca se preocupou comigo? Parece egoísmo, mas para mim isso é justiça.
    Gostaria mesmo que essas usinas nunca tivessem saído do papel, que o sudeste e o sul apagassem sua luz às 10 da noite e fossem dormir no calor ou no frio e que os políticos parassem com essa demagogia absurda de dizer que amam o povo e que fazem de tudo para o bem estar deste.
    Faço coro contra as usinas, coro contra os governantes que não fazem nada, mesmo nadando em dinheiro e contra os aproveitadores de plantão que se dizem políticos que amam o povo.
    Quero meu Rio Madeira de volta, quero minha pacata cidade de volta, quero minha tranquilidade de volta, quem vai pagar esse preço????
    Abraços.
    Rogerio

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  2. Parabéns pelo texto. E, assim como vc, eu tbm quero estar errada, tbm quero estar sendo precipitada. ;)

    =*

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  3. Precipitados foram os porto-velhenses, quando não deram ouvido às consequências que essas usinas trariam ao nosso município.
    Os que aplaudiam no início, agora estão jogando suas toalhas e se rendendo ao sério risco que Porto Velho está correndo. Isso, no português claro, é mais conhecido como Hipocrisia.

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  4. O Brasil prioriza progresso o governo busca se concentrar em desenvolvimento e crescimento econômico sem se preocupar com os impactos socioambientais que acarretará no futuro. Lamentavelmente há uma carência em termos de pesquisas mais aprofundadas sob os impactos causados pelas Hidrelétricas, e particularmente não há um compromisso em manter os benefícios proposto a população, e principalmente em consolidar esses objetivos.
    Infelizmente Rondônia não se opõe a esse progresso de desenvolvimento sem precedentes e apesar das razões e contra-razões para um empreendimento dessa proporção, difundirão a idéia de desenvolvimento e avançaram irrefletidamente. Rondônia revive a ambição e as ilusões de ciclos passados, além da falta de planejamento habitual. Sem uma infra-estrutura adequada como moradia, escolas, postos de saúde, segurança insatisfatório a própria população, imagine para receber uma grande leva de imigrantes oriundos de outras terras. Os problemas de infra-estruturas só se intensificaram com o tempo, logo se viu o caos na saúde até estado de calamidade pública foi decretado, na educação por falta de novas escolas e pela precariedade das já existentes, no trânsito o número de acidentes se intensificou, na segurança a violência se multiplicou e fatalmente os impactos ambientais surgiram com o tempo. No Brasil a preocupação com o meio ambiente é lenta comparado a outros países desenvolvidos, principalmente em função de outras prioridades.
    Eu não sou contra o progresso e sei que ele fatalmente tem um preço a pagar, mas condeno essa forma de progresso que provoca desestabilização social. Meu espanto é genuíno por Rondônia repetir os mesmos erros do passado e o preço a pagar pela falta de planejamento pode custar muito caro para os rondonienses.
    Um coração solidário sintetiza um sentimento pleno de igualdade. Estamos acordados e prontos para enfrentar os problemas.

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  5. Senhores, os investimentos considerados como transitório causam esse tipo de "inconveniente" para a população local. Houveram investimentos, sim, muita gente ganhou dinheiro, porém não cabe simplesmente ficarmos criticando e não tomarmos providências para que a história siga por caminhos diferentes. Esta notícia é um ponto de partida para algo mais organizado, onde várias facções da sociedade civil organizada possa infringir um movimento, organizado, para que os governantes voltem seus olhas para as problemáticas relatadas no "post".

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