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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Corrupção: Os cargos e o boné alheio

Foto via Google Imagens/tonnynascimento.blogspot.com

Corrupção: Os cargos e o boné alheio
por Anderson Cláudio de Melo Machado

O jogo político tem muitas facetas, a articulação, negociação, construção de acordos. Em princípio nada contra, afinal, na vida em sociedade sempre é preciso buscar entendimentos, parcerias, trabalho conjunto, no mais das vezes, inclusive, a custo de concessões mútuas. Perfeito!
No universo político-eleitoral, a justificativa para os apoios, acordos e parcerias é, invariavelmente, a tal governabilidade, a qual se mostra como requisito indispensável à realização do bem comum. Em nome da futura governabilidade e da, nem sempre real, unidade programática, partidos, grupos políticos, empresariais, outros setores da sociedade unem-se em torno de uma candidatura e, com a vitória, buscam espaço para contribuir na administração, por exemplo. Afinal, a vitória foi obtida em conjunto, a administração deve ser realizada da mesma forma. Se os objetivos são republicanos, ou seja, a utilização/administração dos bens, recursos e serviços públicos em benefício da coletividade, isto faz parte do jogo democrático. As decisões administrativas devem refletir o programa conjunto apresentado ao eleitor, afinal foi nessa aliança que o povo depositou seu voto, foi a ela que confiou o exercício da administração.
Porém, infelizmente, quando todo esse espírito público é traduzido em ações, não esporadicamente perde-se, desvirtua-se completamente, transforma-se numa sangria do erário em busca de recompensas, contrapartidas e agrados pessoais. A disputa por “espaço”, por “portarias”, desce a níveis inimagináveis. As faturas das campanhas são apresentadas, entre outros malfeitos, em forma de indicações pra todo tipo de cargo, desde ministro, presidente ou diretor de autarquia, secretários estaduais e municipais, diretores de escolas, coordenadores, chefes da todo tipo e tudo quanto é coisas, até assessores “especiais” de coisa nenhuma, com salários que vão dos mais “apetitosos” até simples salário-mínimo. Criam-se cargos e mais cargos a fim de se abrigar mais e mais indicados. O fator técnico é total e completamente irrelevado, não passa de engodo na imensa maioria das vezes, o que importa pra ocupar esse ou aquele cargo em comissão é o QI (popularmente conhecido como Quem Indica).
Essa circunstância favorece e até estimula a corrupção, a utilização em benefício pessoal. Os milhares de servidores indicados, salvo honradíssimas exceções, sentem-se vinculados a quem os indicou e não ao serviço público. A gratidão, no mínimo, é expressa pela fidelidade eleitoral, ou seja, quem indica garante o voto, isto pra não falar quando os “favores” são bem maiores.
Além da suposta fidelidade pessoal, esta prática é um desrespeito aos servidores de carreira, concursados, efetivos, aqueles que independentemente de qual seja o governante, tem o dever, em regra cumprido com afinco, de garantir o serviço público.
A forma mais correta de se evitar a esse desvio de finalidade no serviço público, não chega a ser uma novidade, aliás, está previsto na própria Constituição, o preenchimento dos cargos públicos deve ser feito por concurso!
Se os governantes, em todos os níveis, obedecessem a Constituição, especialmente o princípio da eficiência e impessoalidade, reservando a livre nomeação e exoneração, exclusivamente, aos cargos políticos como Ministros e Secretários, presidentes de autarquias e outros pouquíssimos, cuja importância política e estratégica seja notoriamente reconhecida, os recursos economizados poderiam ser utilizados na contratação de mais servidores efetivos e na formação técnica de todos, tudo isto em homenagem à eficiência.
Infelizmente, tal consciência anda longe de nossos administradores públicos, aliás, o tal do QI, tem aumentado sua influência em outros órgãos que, em tese, deveriam ser imunes à influência eleitoral e/ou pessoal, tais como Ministério Público, Judiciário, Tribunais de Contas e tantos outros. Para o pesar de nossa sociedade a impessoalidade é, cada vez mais, exceção e as preferências egoísticas e particulares, regra.
Nesta situação, não basta mudarem as pessoas é preciso mudar o sistema, é preciso fechar as torneiras da corrupção. É fundamental tornar o Poder realmente popular e impedir que o Público, o coletivo sirvam, tão descaradamente, ao interesse particular.
Que ninguém mais possa fazer “bondade” com o boné alheio - do povo!

5 comentários:

  1. depois do sarney eleito pela 4 vez .... não sei nem o que pensar sobre esse assunto

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  2. vlw anderson bom texto, mais por favor nao vamos repetir os mesmo assuntos dos jornais eletronicos ( politica e policia ).. grande abraço

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  3. Vamos raciocinar!
    Qdo algumas pessoas vão fazer protestos, o que na verdade eu prefiro chamar de vandalismo, pois saem quebrando tudo pela frente, queimam, gritam, batem e até matam. Isso é fato veridico, que podemos ver em jornais, sites da internet...
    Todo mundo, alias nem todo mundo, até pq tem os que se beneficiam juntamente com as falcatruas la governo. Mas pelo menos a maior parte das pessoas desse país, já estão acostumadas a se revoltarem, se o participante do BBB está se fazendo de legalzinho pra dar o golpe.
    Enquanto isso. O salário dos verdadeiros heróis de cada dia passa por um sério processo de analises, e estudos, para enfim ter um resultado ridículo e depois vemos impostos, taxas, absurdas. Em menos de 15min o salário deles aumenta 20,30,40...%.
    Se o povo é quem tem o poder, então pq as pessoas não cobram la na casa do poder. Cada coisa...
    Encerro por aqui, pq eu fico fula da cara. maior palhaçada

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  4. Parece utopia falarmos de competênica e eficiência em relação aos chamados cargos de confiança, mas sim temos que nos revoltar com certas indicações e botar a boca no trombone, afinal é o nosso dinheiro, dói no nosso bolso!!! Enquanto isso, nós funcionários públicos nos humilhamos e somos humilhados, porque sequer podemos escolher se queremos ou não trabalhar onde estamos lotados, recebemos um salário ridículo para nossa formação, enquanto vemos pessoas que não tem metade de nossa formação com salários astronômicos!!!

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  5. È por isso que o Brasil está na lista do ranque de países mais corruptos. E chegou a esse patamar graças a uma política de muitas caras, mascarada por acordos, parcerias, alianças... Em troca de privilégios garantidos cada um com os seus próprios interesses e o interesse do povo é deixado à míngua sem nenhum benefício.
    Essa prática desvirtua uma política decente, preto no branco, uma política transparente a qual tanto almejamos e queremos para o nosso país.
    É necessário dissolver tanta podridão no universo político-eleitoral, rever o nosso conceito quanto a escolhas dos políticos, aprofundando mais o nosso conhecimento quanto a sua história política, as suas propostas e metas para o nosso Estado. Exercendo assim o nosso direito de votar com uma responsabilidade maior visando um governo exercido pelo povo baseado em uma relação de confiança entre governantes e governados, isto é, onde haja apoio de ambos para uma administração pública mais justa, equilibrada e humanizada.
    “A diferença entre um político e o ladrão, é que o político a gente escolhe e o ladrão nos escolhe.”
    Por isso mesmo temos a nossa parcela de culpa por apoiar políticos corruptos e por esse sistema de governo fraudulento, porque a responsabilidade do voto é nossa, do povo.
    São necessárias novas mudanças de forma generalizada, a união faz a força, vamos virar esse jogo e tomar o Poder, porque o poder emana do povo, há que ser exercido direta ou indiretamente pelo povo em seu proveito.

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