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Coisa de Mulher – e coisa de Homem também
O dia 8 de março não é um dia de mera comemoração!
Não foi uma data inventada para aumentar as vendas de bolsas,
sapatos, jóias; muito menos pra elevar o movimento em bares e restaurantes.
“No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.”
(via http://www.suapesquisa.com/dia_internacional_da_mulher.htm)
Isto é motivo de comemoração?
O 8 de março é um dia de triste lembrança, um dia de reflexão, de
debate, de luta. É um dia de homenagem à mulher não por sua beleza,
sensibilidade e encantamento (qualidades inegáveis do gênero feminino) e sim
pela luta travada ao longo da história na busca por direitos como liberdade,
respeito, igualdade de tratamento e tantos outros.
Algum incauto poderia agora erguer-se para dizer que, ainda que
tantas batalhas tenham sido necessárias, hoje em dia não há mais motivos pra
esse tipo de reflexão, afinal vivemos na modernidade, numa sociedade em que
homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações... Ledo engano!
Vivemos em uma sociedade machista, constituída por ambientes
intolerantes à igualdade de gênero e, o que é pior, uma intolerância camuflada,
jogada para debaixo do tapete, negada em microfones e mesas de bar, mas que não
resiste à primeira piada ou mesmo ao tratamento lingüístico. Aliás, a
utilização de expressões como “todos e todas” em vez de ser reconhecida como a
afirmação de uma igualdade social, para alguns é recebida como “mero jargão
politiqueiro” repelido pelo espírito machista insculpido por uma educação que
desconsidera a existência de dois gêneros.
O dia 8 de março é uma data que precisa servir para a quebra de
paradigmas, para o combate e derrubada de pequenos e grandes preconceitos que
alimentam uma injustificável diferença em direitos de homens e mulheres. É
claro que existem batalhas grandiosas que ainda precisam ser vencidas como as
diferenças de salários – em regra, inferiores para mulheres que desempenham as
mesmas atribuições; ou a colossal desproporção existente entre mulheres e
homens que ocupam postos de chefia, mesmo em setores que elas estão em número
equivalente ou até superior e outras tantas desigualdades.
Porém, há pequenos gestos, passos aparentemente simples, mas que
carregam em si grande significado, pois vão de encontro a verdadeiros tabus do
universo machista. Neste sentido, sem
querer de forma alguma desencorajar os que pretendem oferecer rosas, jantares
ou jóias (façam isto sempre que possível não só no 8 de março) lanço um desafio,
uma proposta de homenagens diferenciadas, que tal:
- Preparar o almoço ou o jantar pessoalmente (não importa se
não é ela que prepara normalmente, o importante é que VOCÊ prepare hoje!)?;
- Arrumar a casa pra recebê-la (tudo bem se não der pra dar uma
geral, mas pelo menos dar uma caprichada no quarto ou na cozinha já seria
algo interessante);
- Adiantar-se nas atividades das crianças, tarefas, preparação
de uniformes, levar pro inglês, música ou outra atividade, etc. (dê um
jeito pra ela não ter que se preocupar com essas coisas hoje);
- Lavar a roupa (por incrível que pareça a operação de
tanquinhos ou máquinas de levar pode ser mais simples do que se
imagina)...
- Lavar a louça ( a pia não pode ser considerado um ambiente
feminino, porque não é!).
Bem... são só exemplos. Se você já desempenha normalmente qualquer
dessas atividades, parabéns (na verdade não é nada demais, mas se você já sabe
disto temos um avanço), mas porque não experimentar uma dessas outras ou ainda
aquela tarefa que você jura que é coisa pra mulher (mas que se você parar pra
pensar não haveria óbice nenhum de você realizar)?
Se você que se deu ao trabalho de ser estas despretensiosas linhas
topar o desafio, é possível que perceba (se é que já não sabe disto) que não
lhe fará mal algum a divisão das tarefas, afinal, hoje, elas conosco já dividem
muito bem tarefas como o sustento da casa... Já passou da hora de reconhecer
que tarefa de homem e de mulher é uma só: UNIR FORÇAS PRA FELICIDADE DE AMBOS E
DE QUEM OS CERCA!
Salve o 8 de março!
Salve uma sociedade em que homens e mulheres respeitem-se
mutuamente, todos os dias!
Anderson Machado